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Tipos de rachaduras em estruturas como identificar, causas, riscos e soluções

Fissura, trinca e rachadura: qual a diferença?

No dia a dia, as palavras se misturam, mas há uma classificação prática:

– Fissura: abertura muito fina, geralmente superficial, sem perda relevante de desempenho. Muitas vezes está ligada a variações de temperatura/umidade ou retração de revestimentos.

  • Trinca: abertura maior, pode atravessar camadas e indicar movimentação do elemento (alvenaria ou concreto).
  • Rachadura: abertura significativa, frequentemente com deslocamento de partes, podendo comprometer a segurança.

Uma forma simples de avaliar é pela largura (medida com fissurometro, quando possível). Como referência prática (os limites podem variar conforme a literatura e a função do elemento):

– Muito finas: até 0,1 mm

  • Finas: 0,1 a 0,3 mm
  • Médias: 0,3 a 0,7 mm
  • Largas: acima de 0,7 mm

Principais tipos de rachaduras por padrão e localização

Em paredes de alvenaria (tijolos/Blocos)

  • Verticais próximas aos cantos das portas e janelas
    Normalmente associadas à concentração de tensões em encontros de vãos, falta de vergas/contravergas adequadas ou movimentações térmicas/higroscópicas.
  • Diagonais em “escada” (seguindo as juntas)
    Típicas de recalque diferencial da fundação, vibrações intensas ou esforços de cisalhamento na alvenaria.
  • Horizontais em meia altura ou ao longo de fiadas
    Podem indicar empuxo, movimentação diferencial entre elementos, falta de amarração com pilares ou corrosão de armaduras da cinta.
  • Entre a parede e o pilar/viga (fissura de interface)
    Decorrente de diferentes deformações entre materiais distintos (alvenaria x concreto) quando não há junta adequada ou tela de transição.
  • Mapeamento superficial (microfissuras em rede)
    Comum em revestimentos por retração de argamassa ou tinta, excesso de água no preparo, cura inadequada ou calor intenso.

Em estruturas de concreto (vigas, lajes, pilares)

  • Fissuras por retração plástica/temprana
    Surgem horas ou poucos dias após a concretagem, em padrões aleatórios na superfície, por perda rápida de umidade ou variação térmica.
  • Fissuras de flexão em vigas e lajes
    Em geral, perpendiculares ao eixo do elemento e mais intensas na região de maior momento fletor (meio do vão).
  • Fissuras de cisalhamento (diagonais) em vigas
    Próximas aos apoios, com inclinação de 45° aproximadamente, indicam esforços de cisalhamento e, se largas/evolutivas, podem ser críticas.
  • Fissuras de punção em lajes lisas
    Ao redor de pilares, com padrão radial/circunferencial, associadas a esforços concentrados. Demandam atenção imediata.
  • Fissuras paralelas à armadura
    Podem indicar corrosão das barras (expansão do óxido “empurra” o concreto), cobrimento insuficiente ou infiltrações.
  • Fissuração por reações expansivas (ex.: reação álcali-agregado)
    Padrão “mapa” disseminado, com eflorescências em alguns casos, tipicamente acompanhado de perda de desempenho.

Causas mais comuns de rachaduras

  • Recalque diferencial de fundações
    Ocorre quando partes da edificação assentam de forma desigual (solo heterogêneo, compactação insuficiente, umidade, sobrecargas). Gera fissuras diagonais em alvenarias e distorções em aberturas.
  • Movimentações térmicas e higroscópicas
    Materiais dilatam e contraem. Sem juntas e detalhamento adequados, surgem fissuras especialmente em áreas extensas e interfaces.
  • Erros de projeto e execução
    Armaduras insuficientes, cobrimento inadequado, cura incorreta do concreto, falta de vergas/contravergas, amarrações deficientes e detalhamento falho são fontes recorrentes.
  • Sobrecargas e mudanças de uso
    Arquivamentos pesados, equipamentos e reformas que aumentam o peso sem reforço estrutural geram fissuras de flexão/cisalhamento.
  • Infiltrações e corrosão de armaduras
    Água + oxigênio + cloretos/carbonatação aceleram corrosão, abrindo fissuras paralelas às barras e destacando o cobrimento.
  • Materiais e argamassas de baixa qualidade
    Retração excessiva, aderência precária e falhas de acabamento favorecem microfissuração e desplacamentos.

Como avaliar a gravidade:

  1. Localização e direção
    Em vigas, lajes e pilares, fissuras inclinadas ou muito abertas são mais críticas. Em alvenarias, diagonais em escada sugerem movimentação estrutural/solo.
  2. Abertura e evolução
    Use um fissurometro quando possível. Marque a data e meça novamente após algumas semanas. Crescimento contínuo requer atenção técnica imediata.
  3. Extensão e profundidade
    Superficial (apenas no revestimento) é menos grave que fissura que atravessa o elemento. Bata levemente para identificar som cavo.
  4. Sinais associados
    Portas emperrando, pisos “em barriga”, deslocamentos, infiltrações, manchas de ferrugem, eflorescências e destacamentos são alertas importantes.
  5. Histórico
    Houve reforma, sobrecarga, vazamentos, vibrações, obras vizinhas ou períodos de seca/chuva intensos? O contexto ajuda a identificar a causa.

O que fazer diante de uma rachadura

  • Segurança em primeiro lugar
    Se notar deformações, estalos, fissuras largas em elementos estruturais ou queda de material, isole a área e evite cargas adicionais. Em casos graves, escoramento provisório pode ser necessário — sempre com orientação técnica.
  • Registro e monitoramento
    Fotografe, meça e acompanhe. Marque datas. Isso ajuda muito na perícia e no diagnóstico.
  • Chame um engenheiro especializado em engenharia diagnóstica
    A avaliação técnica correta identifica a causa-raiz e define a solução certa. O profissional pode emitir laudo de engenharia, ART e plano de intervenção.

Soluções típicas

  • Fissuras não estruturais (revestimentos, juntas, retração)
    • Selantes flexíveis e recomposição de juntas
    • Reparo do revestimento com telas e argamassas apropriadas
    • Correção de detalhes construtivos e pontos de infiltração
    • Tratamentos de umidade e drenagem
  • Fissuras estruturais (lajes, vigas, pilares, alvenaria portante)
    • Injeção de resinas epóxi (quando aplicável) para colmatação estrutural
    • Costura de fissuras com grampos metálicos e grauteamento
    • Reforços com compósitos de fibra de carbono (FRP), chapas ou perfis metálicos
    • Encamisamento de elementos estruturais
    • Correção de fundações (micropilhas/micropilares, macrorreforços, melhoria do solo)
    • Passivação e recomposição de cobrimento em casos de corrosão

Como a engenharia diagnóstica e a perícia ajudam você

Um processo profissional típico inclui:

1. Definição de escopo e anamnese (histórico da edificação e do problema)

  • Inspeção técnica conforme boas práticas e normas aplicáveis (ex.: inspeção predial, desempenho, estruturas)
  • Ensaios e medições (quando necessários)
  • Análise de causas, enquadramento de riscos e recomendações
  • Laudo técnico com ART, fotos, croquis, mapa de fissuras e plano de intervenção e monitoramento

Prevenção: como evitar que as rachaduras voltem

  • Projeto e detalhamento adequados (armaduras, juntas, vergas/contravergas)
  • Controle tecnológico de materiais e cura do concreto
  • Execução com fiscalização e respeito às boas práticas
  • Impermeabilização e drenagem corretas
  • Manutenção preventiva e inspeções periódicas (rotinas de inspeção predial)
  • Manual de uso e operação da edificação, evitando sobrecargas e intervenções sem projeto

Checklist rápido de triagem

  • A fissura é superficial (só na pintura/argamassa) ou atravessa o elemento?
  • Está aumentando de tamanho?
  • Há portas/janelas desalinhadas, pisos deformados ou ruídos?
  • Há sinais de umidade, ferrugem ou queda de material?
  • Houve reforma, sobrecarga, infiltração ou obra próxima recentemente?

Perguntas frequentes

Quando uma rachadura é perigosa?

Rachaduras largas, em elementos estruturais (lajes, vigas, pilares), inclinadas próximas a apoios, ou que evoluem rapidamente são sinais de alerta. Deslocamentos, ruídos e fissuras associadas à infiltração/corrosão agravam o risco.

Posso apenas lixar e pintar?

Não é recomendado. Sem tratar a causa, a fissura costuma reaparecer. Além disso, você pode mascarar um problema estrutural e adiar uma solução necessária.

Quem contrata para avaliar: engenheiro ou arquiteto?

Para diagnóstico estrutural e laudo de engenharia, contrate um engenheiro civil com experiência em engenharia diagnóstica e perícias da construção.

Quanto custa um laudo de engenharia?

Depende do porte da edificação, acesso, necessidade de ensaios e complexidade do caso. O ideal é solicitar uma visita técnica para orçamento.

Em quanto tempo sai o laudo?

Variável. Casos simples podem ser concluídos em poucos dias. Situações que exigem ensaios e monitoramento levam mais tempo.

Se você identificou rachaduras e quer evitar custos maiores, riscos e retrabalhos, conte com serviços profissionais de engenharia diagnóstica, inspeção predial, perícias e laudos de engenharia. Atendemos condomínios, empresas, construtoras, escritórios de advocacia e proprietários. Solicite uma avaliação técnica e receba um plano de ação claro e seguro.

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