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Projeto estrutural metálico preço, como é formado e como orçar sem surpresa

O que está incluído no “projeto estrutural metálico”

Dependendo do porte e do nível de exigência do cliente/obra, o escopo típico pode incluir:

– Estudo preliminar/anteprojeto: avaliação de viabilidade, concepção de sistema estrutural (pórticos, treliças, vigas mistas, contraventamentos, ligações aparafusadas/soldadas), estimativa de peso de aço.

  • Projeto básico: critérios, ações, combinações, modulação, definições de perfis e ligações-tipo, pré-dimensionamento, interfaces com fundações e fechamentos.
  • Projeto executivo de cálculo: modelagem global (análise 2D/3D, instabilidade P-Delta quando aplicável), verificação de estados limites segundo normas vigentes (por exemplo, NBR 8800, NBR 6123, NBR 6120, NBR 14762 para perfis formados a frio, NBR 14432 para ações de incêndio, quando requerido).
  • Detalhamento (shop drawings): desenhos de fabricação e montagem, listas de materiais (BOM), marcação de peças, furações, soldas, chanfros, gabaritos, posições de contraventamentos, sequência de montagem sugerida.
  • Relatórios e memoriais: memorial de cálculo, memorial descritivo, listas de parafusos/consumíveis, ART/crea.
  • Compatibilização: reuniões com arquitetura, MEP/instalações, fechamentos metálicos, steel deck, ancoragens em concreto, passagens de dutos, apoios de equipamentos.
  • BIM/Modelagem avançada: LOD 300–400 para coordenação e extração de quantitativos; federado com outras disciplinas, quando contratado.
  • Suporte à obra: respostas a RFIs, ajustes por “as built”, visitas técnicas e inspeções de recebimento (quando previsto).

Fatores que influenciam o preço do projeto

  • Área e porte do empreendimento
    • Obras maiores tendem a diluir custos fixos (setup, coordenação), baixando o preço por m² do projeto.
  • Complexidade geométrica e funcional
    • Curvaturas, geometrias não-lineares, assimetrias, longos vãos, mezaninos com aberturas, cargas concentradas de máquinas, pontes rolantes, passarelas com vibração perceptível.
  • Nível de carregamentos e critérios de desempenho
    • Vento (NBR 6123), sobrecargas especiais (armazenagem, indústria), limitações de flecha/ vibração, critérios de incêndio.
  • Tipo de sistema estrutural e ligações
    • Vigas mistas com steel deck, treliças especiais, ligações parafusadas vs soldadas, ligações de campo x fábrica, uso de perfis laminados, soldados ou formados a frio.
  • Grau de detalhamento solicitado
    • Apenas projeto de cálculo vs cálculo + detalhamento de fabricação e montagem (shop).
  • Integração e compatibilização
    • Nível de coordenação BIM, número de disciplinas envolvidas e rodadas de revisão.
  • Prazos e janelas de entrega
    • Cronogramas comprimidos e “fast-track” encarecem pelo esforço adicional e horas extras.
  • Revisões e mudanças de escopo
    • Alterações de arquitetura ou processo após o início do dimensionamento.
  • Exigências de documentação e QA/QC
    • Profundidade do memorial, planos de inspeção e testes, checklists de qualidade, conformidade específica de cliente/seguradora.
  • Região e mercado
    • Custos de hora-técnica e carga tributária variam por estado e pela demanda do momento.

Como o mercado precifica: modelos comuns

  • Preço por m² de área atendida
    • Simples de comunicar ao cliente; exige definição clara do que é “área de projeto”.
  • Preço por tonelada estimada de aço (t)
    • Útil quando já há estimativa de peso. Cuidado: obras pequenas mas complexas podem gerar mais horas por tonelada.
  • Preço fechado por escopo definido
    • Baseado em estimativa de horas por etapa + custos indiretos. Evita litígios se o escopo estiver bem definido.
  • Hora técnica (R$/h)
    • Transparente, porém menos previsível para o cliente final.
  • Híbrido
    • Fixo + variável por revisões extras, viagens, ou por incremento de área/tonelagem.

Faixas de referência de preço de projeto no Brasil

Atenção: são ordens de grandeza, para planejamento inicial. O valor final depende do escopo e dos fatores citados.

– Galpão simples (pórticos padronizados, vãos usuais, sem ponte rolante, cobertura metálica convencional):

– Projeto de cálculo + detalhamento: aproximadamente R$ 25 a R$ 60 por m² de área coberta

  • Ou R$ 250 a R$ 600 por tonelada estimada de aço

– Mezanino comercial/industrial com steel deck e escadas:

– R$ 40 a R$ 90 por m²

  • Ou R$ 300 a R$ 700 por tonelada

– Estruturas especiais (passarelas com controle de vibração, edifícios de múltiplos pavimentos, formas complexas, integração intensa com MEP):

– R$ 70 a R$ 150 por m²

  • Ou R$ 500 a R$ 1.200 por tonelada

Exemplos didáticos:

– Um galpão de 2.500 m², escopo completo (cálculo + shop), complexidade baixa:

  • 2.500 m² × R$ 40 ≈ R$ 100.000

– Um mezanino de 600 m² com escadas e integração MEP moderada:

– 600 m² × R$ 65 ≈ R$ 39.000

– Uma passarela metálica de 35 m de vão com critérios de vibração/serviço rigorosos:

– 35 t × R$ 850 ≈ R$ 29.750

O que costuma estar incluído e o que é adicional

Incluídos com frequência:

– Modelo de cálculo, dimensionamento, memorial de cálculo.

  • Pranchas de projeto executivo; quando contratado, detalhamento para fabricação/montagem.
  • Listas de materiais (BOM) geradas a partir do detalhamento.
  • 1 a 3 rodadas de compatibilização/revisões.

Adicionais comuns:

– Visitas técnicas, inspeções, comissionamento.

  • Modelagem BIM em LOD avançado com coordenação federada.
  • Ensaios, mock-ups, cálculos de elementos não estruturais ou especiais.
  • Plano de manutenção, manual de montagem, estudos de logística pesada.
  • Adequações após mudanças de arquitetura/uso pós-contrato.
  • Tratamentos específicos de proteção anticorrosiva e contra incêndio (dimensionamento de proteção passiva, relatórios dedicados).

Checklist para solicitar orçamentos comparáveis

1. Arquitetura atualizada: plantas, cortes, fachadas, modelos (DWG/RVT/IFC).

  • Uso e critérios de desempenho: ocupação, cargas, limite de flecha, vibração aceitável, ruído (se relevante).
  • Restrições geométricas: vãos, pé-direito, aberturas, shafts, passagens.
  • Integrações: MEP, dutos/esteiras, equipamentos (pesos, pontos de apoio, cargas dinâmicas).
  • Normas e políticas do cliente: listas de normas, padrões gráficos, QA/QC.
  • Preferências construtivas: ligações parafusadas/soldadas, execução em campo, sequência de montagem.
  • Prazos e marcos de entrega: anteprojeto, executivo, detalhamento, início de fabricação.
  • Entregáveis desejados: memorial, pranchas, shop drawings, listas, BIM LOD, ART.
  • Condições ambientais: classe de corrosividade, proteção anticorrosiva, requisitos de incêndio.
  • Escopo de fundações e ancoragens: quem projeta? Quem fornece placas de base e chumbadores?
  • Critério de medição/precificação: por m², por t, preço fechado? Revisões inclusas?
  • Forma de suporte em obra: RFIs, resposta em x horas, visitas, as built.

Como reduzir o custo do projeto e da estrutura (sem comprometer segurança)

  • Modularização inteligente
    • Repetição de vãos e tipificação de ligações reduzem horas de engenharia e fabricação.
  • Escolha de perfis padrão
    • Priorizar perfis laminados de fácil aquisição; evitar bitolas “raras”.
  • Ligações predominantemente parafusadas
    • Simplificam montagem e inspeção em campo; soldas estratégicas em fábrica.
  • Vigas mistas e lajes steel deck
    • Reduzem peso de aço por m² mantendo desempenho, desde que detalhadas corretamente.
  • Controle de comprimentos de flambagem e travamentos
    • Otimiza perfis e evita superdimensionamentos caros.
  • Definição precoce das cargas especiais
    • Ponte rolante, racks e equipamentos não podem “aparecer” na reta final.
  • Compatibilização contínua
    • Evita retrabalho; cada revisão tardia custa caro em horas/detalhes.
  • Plano de montagem e logística
    • Minimiza interferências, içamentos complexos e paradas.

Erros que encarecem o projeto

  • Briefing incompleto (sem dados de uso, cargas, interfaces).
  • Arquitetura instável em paralelo com o cálculo, sem marcos de congelamento.
  • Exigência de prazos incompatíveis sem priorização de entregas por fases.
  • Subestimar vibração em passarelas/mezaninos, gerando retrabalho.
  • Detalhes pouco padronizados (bitolas e ligações diferentes em cada módulo).
  • Falta de critérios de aceitação e de revisão de qualidade entre disciplinas.
  • Ausência de coordenação de furações para MEP, resultando em cortes de última hora.

Exemplo de orçamento didático

Escopo: projeto executivo + detalhamento de um mezanino metálico de 800 m² com escada e guarda-corpos, laje steel deck, integração MEP moderada.

  • Estudo e concepção: 16 h
  • Modelagem global e dimensionamento: 48 h
  • Detalhamento (shop drawings, BOM): 80 h
  • Compatibilização (3 reuniões + ajustes): 16 h
  • Memorial de cálculo e documentação: 12 h
  • Coordenação e QA/QC: 8 h

Total estimado: 180 horas

Se a hora técnica média for R$ 220:

– 180 × R$ 220 = R$ 39.600

Equivalente:

– R$ 49,50/m² (sobre 800 m²), ou

  • Se estimada 55 t de aço: ≈ R$ 720/t

Ajustes aplicáveis:

– Prazos acelerados: +10% a +25%

  • BIM LOD 400 com extrações e clash detection formal: +10% a +20%
  • 2 revisões adicionais além do contrato: +R$ 3.000 a R$ 6.000 (depende do escopo da mudança)

“Fórmula de bolso” para estimar rápido

Para uma estimativa preliminar, útil em conversas iniciais:

Preço do projeto ≈ max(α × área em m², β × tonelada de aço estimada) × Fcomplexidade × Fprazo

– α (R$/m²) típico:

– 30 a 50 para escopos de cálculo + shop em obras simples

  • 60 a 120 para estruturas especiais

– β (R$/t) típico:

– 300 a 600 em obras simples

  • 700 a 1.200 em obras complexas

– Fcomplexidade:

– 0,9 a 1,0 (muito simples), 1,1 a 1,4 (médio), 1,5 a 2,0 (alto)

– Fprazo:

– 1,0 (padrão), 1,1 a 1,3 (acelerado)

Exemplo: 2.000 m², mezanino com deck, complexidade média, prazo normal

  • α × área: 45 × 2.000 = R$ 90.000
  • β × t (estimando 120 t × 600) = R$ 72.000
  • max = R$ 90.000; Fcomplexidade 1,2; Fprazo 1,0
  • Estimativa: 90.000 × 1,2 = R$ 108.000

Contrato: pontos que evitam conflitos

  • Escopo e entregáveis fechados por fase.
  • Normas aplicáveis, combinações de ações, critérios de desempenho.
  • Quantidade de revisões inclusas e prazos de resposta a RFIs.
  • Direitos autorais e uso do modelo/detalhes por terceiros.
  • Responsabilidades de interfaces (fundações, chumbadores, MEP).
  • Critérios de medição (por m², por t, preço fechado) e gatilhos para aditivos.
  • Cronograma detalhado com marcos de aprovação.
  • Forma de suporte na obra (visitas, plantão, prazos).
  • ART e seguros (quando aplicável).

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