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Rachadura em parede como diagnosticar e consertar com segurança

 
1) Classifique o problema rapidamente

Fissura (≤ 0,3 mm): cabelo/fina, geralmente estética (retração do reboco/pintura).
Trinca (0,3 a 3 mm): pode indicar movimentação do sistema (assentamento, dilatação, encontro alvenaria–pilar).
Rachadura (> 3 mm) ou com degrau/desnível: pode ser estrutural ou recalque de fundação. Exige avaliação técnica.
Padrões que ajudam no diagnóstico:
– Horizontal na altura da laje: movimentação entre laje e alvenaria ou falta de junta.
Diagonais a ~45° em cantos de portas/janelas: concentração de tensões, vergas/contravergas ou recalque diferencial.
Escalonadas seguindo a junta do bloco: acomodação/recalque.
Em mapa/reticulado superficial: retração do revestimento (reboco/pintura).
Verticais próximas a pilares/colunas: interface estrutura–alvenaria sem dessolidarização.
Paralelas a barras/armaduras, com manchas ferruginosas: possível corrosão e destacamento do cobrimento.
Sinais de alerta imediato:
– Abertura > 5 mm, degrau entre lados, fissuras novas crescendo rápido, portas/janelas emperrando de repente, estalos, deslocamento fora do plano, corrosão aparente. Nesses casos: isole a área e chame um engenheiro.
 
2) Diagnóstico prático

Medir e mapear
Use uma régua de fissuras (ou cartão com marcas) e fotografe com escala.
Marque no croqui/planta a posição, sentido, largura e extensão.
Ver se está ativa ou passiva
Faça selos de gesso ou massa epóxi a cada 1–2 m ao longo da trinca e date. Verifique se rompem em 2–4 semanas.
Se romper, é ativa; trate a causa antes do acabamento.
Ver presença de umidade
Toque/termografia simples ou higrômetro (se tiver). Eflorescência e pintura estufada apontam para umidade.
Percussão
Bata levemente (martelo de borracha) no reboco: som cavo indica descolamento.
Contexto construtivo
Tipo de parede (alvenaria cerâmica, bloco de concreto, drywall), idade da obra, intervenções recentes, vibrações, infiltrações, proximidade de pilares e vãos.

3) Correções certeiras por causa/situação

A. Fissuras finas de retração no reboco/pintura (≤ 0,3 mm; passivas; sem umidade)
Onde costuma aparecer: grandes áreas de parede, sem padrão definido, sem degrau.
– Como reparar (interior):
1) Lixar e limpar pó.
Aplicar fundo preparador de paredes (acrílico).
Fechar microfissuras com massa acrílica de boa elasticidade.
Lixar, selar e repintar com tinta acrílica premium.
Fachadas/exterior: preferir selador + tinta elastomérica/flexível para microfissuração disseminada.
B. Trincas passivas no reboco (0,3 a 3 mm; sem crescimento; sem umidade)
Onde: juntas frias do reboco, encontro de panos, pequenas movimentações.
– Como reparar:
1) Abrir a trinca em “V” (3–6 mm de profundidade) com estilete/espátula, remover pó.
Aplicar ponte de aderência (resina acrílica/SBR).
Preencher com argamassa polimérica de reparo fino.
Assentar uma faixa de tela de fibra de vidro 5–10 cm de cada lado, embebida na argamassa.
Regularizar, curar levemente por 24–48 h e repintar.
C. Trinca ativa por movimentação higrotérmica ou encontro alvenaria–estrutura
Sinais: reaparece após pintura; está na interface com pilar/viga ou em longos panos de fachada.
Solução durável: transformar em junta controlada
Abrir canal com serra (8–12 mm largura, 10–15 mm profundidade) ao longo da linha.
Limpar, aplicar primer do selante.
Inserir fundo de junta (cordão de polietileno) para evitar aderência em 3 faces.
Selar com poliuretano/elastomérico híbrido (PU ou MS), alongamento ≥ 25%.
Acabamento e pintura compatível.
Em panos longos de alvenaria, prever juntas a espaçamentos adequados.
D. Trincas diagonais em vãos (verga/contraverga) e acima de portas/janelas
Causa comum: ausência/deficiência de verga/contraverga ou recalque leve.
– Correção:
– Se não estrutural: reforçar o trecho do reboco com tela de fibra de vidro atravessando o canto do vão (em “L”), abrir/estucar como no item B.
Se frequente ou com degrau: avaliar e, se preciso, instalar verga/contraverga adequadas ou tratar recalque (ver item G).
E. Drywall (gesso acartonado)
– Fissuras lineares nas juntas:
1) Abrir leve, retirar pó.
Aplicar massa para drywall, assentar fita de papel microperfurado (ou telada específica), 3 demãos finas.
Lixar e pintar. Verifique espaçamento de parafusos (20–25 cm) e movimentação da estrutura.
Fissuras nos cantos: use cantoneira metálica/pvc com massa.
F. Trinca associada a umidade
Tratar a causa da umidade primeiro: vazamento, infiltração pela fachada, capilaridade, condensação.
Depois, remover reboco solto, usar argamassa aditivada/hidrofugada, selador adequado e pintura compatível.
Em fachadas, avaliar impermeabilização de peitoris/platibandas e calafetação.
G. Trincas com indício de recalque de fundação ou movimento estrutural
Sinais: diagonais largas, degrau, portas emperrando, várias paredes afetadas, evolução contínua.
– Proceda assim:
1) Monitorar (selos, régua) 4–8 semanas.
Solicitar avaliação técnica e, se preciso, sondagem/nível de precisão.
Corrigir a causa (reforço de fundação: microestacas, estacas metálicas, underpinning, injeção, etc.).
Só então recompor alvenaria/revestimentos.
Não adianta “maquiar”; volta.
H. Fissuras com corrosão de armadura (em elementos estruturais ou alvenaria armada)
Sinais: manchas de ferrugem, fissuras paralelas à barra, destacamento do cobrimento.
– Correção (com responsável técnico):
1) Remover cobrimento deteriorado até aço são.
Limpeza das barras (escovação/jateamento), passivador de armadura.
Recompor com argamassa de reparo estrutural tixotrópica compatível.
Cura e proteção final.
4) Passo a passo resumido para um reparo típico (trinca passiva 0,3–3 mm em alvenaria)
Materiais:
– Estilete/espátula, escova de aço, pincel.
Resina acrílica/SBR (ponte de aderência).
Argamassa polimérica de reparo fino ou massa acrílica reforçada.
Tela de fibra de vidro 145 g/m² (faixas de 10–20 cm).
Selador/fundo preparador e tinta acrílica.
Execução:
1) Abrir e limpar: abrir em V, retirar pó, desengordurar.
Ponte de aderência: aplicar conforme fabricante.
Preenchimento: aplicar a argamassa, incorporar a tela centrada na trinca, cobrir e sarrafear.
Cura: manter ligeiramente úmido 24–48 h se for argamassa cimentícia.
Acabamento: lixar fino, selador e pintura.

5) Custos e prazos

Correção superficial (fissuras finas, interiores): R$ 30–70 por metro linear.
Trinca com tela e recomposição (interior/exterior): R$ 80–180 por metro linear.
Junta selada com PU (corte + fundo + selante): R$ 120–250 por metro linear.
Intervenções estruturais/fundações: orçamento específico após projeto.
Os valores variam por região, acesso, altura e padrão de acabamento.

6) Quando parar e chamar um engenheiro

Abertura > 3–5 mm, degrau, evolução rápida, múltiplas paredes afetadas.
Trincas em elementos estruturais (viga, pilar, laje) ou com corrosão.
Presença de umidade persistente sem causa óbvia.
Edificações antigas, reformas recentes que removeram paredes, ou proximidade de escavações/vibrações.

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