1) Escopo de atuação: principais serviços
- Projeto estrutural (concreto armado, protendido, alvenaria estrutural, aço, madeira, mistas)
- Estudos preliminares, anteprojeto, básico e executivo
- Otimização de seções, detalhamento e memoriais
- Consultoria e revisão independente de projeto (peer review)
- Verificação de segurança, conformidade normativa e construtibilidade
- Value engineering para reduzir custos sem sacrificar desempenho
- Compatibilização multidisciplinar (BIM)
- Integração com arquitetura, instalações (MEP), paisagismo e fundações
- Detecção de interferências e diretrizes de obra
- Engenharia diagnóstica e inspeção
- Inspeção predial (ABNT NBR 16747), laudos de patologia
- Ensaios “in situ” e laboratoriais (esclerometria, ultrassom, pacometria, extração de testemunhos, carbonatação, cloretos)
- Reforço, recuperação e retrofit
- Soluções com compósitos (FRP), aumento de seção, protensão externa, chapas/ perfis metálicos, injeções
- Perícias, arbitragem e assistência técnica
- Laudos, pareceres, quantificação de danos e recomendações de intervenção
- As built e digitalização
- Levantamento 3D (laser scan), modelagem “as built”, atualização de documentação
- Suporte à execução
- Visitas técnicas, RFI, análises de mudança, plano de escoramento e desforma, cronograma executivo da estrutura
2) Responsabilidades e conformidade
- Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no CREA para cada serviço/etapa de engenharia
- Aço: ABNT NBR 8800 (estruturas de aço e mistas)
- Alvenaria estrutural: ABNT NBR 15961-1 e 15961-2
- Diagnóstico de concreto: NBR 7584 (esclerômetro), NBR 8802 (ultrassom), NBR 7680 (testemunhos), NBR 5739 (compressão), NBR 8522 (módulo de elasticidade)
- Sondagens: NBR 6484 (SPT), interfaces com NBR 6122
- Segurança do trabalho em campo (especialmente em inspeções): NR-18 (construção), NR-35 (trabalho em altura)
- Ética, confidencialidade e independência técnica (especialmente em perícias e revisões)
3) Como é o processo de projeto estrutural Briefing e diretrizes
- Programa arquitetônico, restrições do terreno/condomínio, materiais preferenciais, prazos, metas de custo e sustentabilidade
- Levantamentos prévios: sondagens do solo, cargas especiais, vibração, incêndio, uso futuro
- Estudos de concepção
- Escolha do sistema estrutural (ex.: lajes maciças, nervuradas, protendidas, steel deck, alvenaria estrutural)
- Diretrizes de fundações (sapatas, blocos, estacas, radier)
- Premissas de modulação, vão, altura de lajes, posições de núcleos e paredes portantes
- Avaliação de alternativas (custo, prazo, peso próprio, impacto no MEP)
- Modelo analítico e dimensionamento
- Geração de modelo (pórticos, cascas, elementos de placa/casca/volume conforme o caso)
- Ações: permanentes, variáveis, vento (NBR 6123), eventual sismo (quando aplicável, p. ex., obras especiais)
- Combinações de ações (NBR 8681), estados-limite último e de serviço (flechas, fissuração, vibrações)
- Itens críticos: punção, flambagem, estabilidade global, segunda ordem (P-Δ, P-δ)
- Detalhamento e documentação
- Plantas, cortes, formas, armações, listas de aço/formas, memoriais de cálculo
- Especificações técnicas, plano de escoramento e sequência de desforma (NBR 14931)
- Modelagem BIM com LOD adequado (ex.: LOD 300/350 para execução), seguindo ABNT NBR ISO 19650 (gestão da informação)
- Compatibilização e revisão
- Clash detection com arquitetura e MEP
- Revisões internas (4-olhos) e, se necessário, revisão independente
- Suporte à obra e as built
- Respostas a RFI, ajustes locais, acompanhamento de concretagens críticas
- Atualização de documentação conforme executado (as built)
4) Engenharia diagnóstica: quando e como usar
– Quando aplicar:
– Manifestações patológicas (fissuras, infiltrações, destacamentos, deformações)
- Mudança de uso/carga, reformas que alterem elementos estruturais
- Investigações para compra/venda/regularização ou laudos judiciais
– Método típico:
- Ensaios não destrutivos (esclerômetro, ultrassom, pacometria)
- Ensaios semi e destrutivos (extração de testemunhos, pull-off, carbonatação, cloretos)
- Modelagem e verificação da capacidade residual
- Plano de intervenção e reforço, quando necessário
5) Tecnologias e ferramentas
- Cálculo e análise: TQS, Eberick, SAP2000, ETABS, Robot, RFEM, MIDAS, SAFE, CYPE
- BIM: Revit, Tekla Structures, Navisworks; coordenação via ABNT NBR ISO 19650
- Interoperabilidade: IFC, BCF; workflows de clash e tracking de issues
- Levantamento e inspeção: laser scan, fotogrametria, drones, esclerômetros, pacômetros, ultrassom, termografia
- Gestão: PDM/PLM de projetos, templates de ART, controle de revisões, RFI, matriz de riscos, EAP e curvas S
- QA/QC: checklists normativos automatizados, verificação de modelos, auditorias internas
6) Qualidade, riscos e segurança
- Sistema de gestão da qualidade (inspirado em ISO 9001): procedimentos para cada etapa, registros, lições aprendidas
- Matriz de riscos do projeto: itens como punção, instabilidade, ações de vento, interferências com MEP, sequenciamento de obra
- Plano de inspeção e ensaio (PIE) para concretagens críticas, protensão, lançamento e cura
- Rastreabilidade: vínculo entre memória de cálculo, desenho e modelo; histórico de revisões
- Segurança: diretrizes de escoramento e desforma, cargas temporárias, logística de concretagem e protensão
7) Sustentabilidade e custo: onde a estrutura faz a diferença
- Otimização de materiais: redução de consumo de concreto e aço via modulação e escolha de sistemas
- Menos formas e etapas: soluções que simplifiquem a execução e reduzam prazo
- Pegada de carbono: avaliação e comparativo entre alternativas (concreto vs. aço; cimento com adições)
- Durabilidade: cobrimentos adequados, concretos com desempenho para ambientes agressivos, proteção catódica e barreiras contra cloretos quando aplicável
- Projeto para manutenção: acessos a ancoragens, inspeção de cabos protendidos, juntas bem detalhadas
8) Custos e precificação de serviços
– Formas comuns de precificação:
– Percentual sobre custo da estrutura/obra
- Preço por metro quadrado de área projetada
- Fee por etapa (conceitual, executivo, assistência à obra)
- Hora técnica para consultorias, visitas e perícias
– Fatores que mais influenciam o preço:
– Complexidade geométrica, vãos, cargas especiais, prazos
- Grau de compatibilização exigido (nível BIM, interferências críticas)
- Número de revisões contratadas e suporte à obra
- Riscos transferidos (seguro, responsabilidade, SLA)
9) Indicadores-chave (KPIs) de uma boa empresa estrutural
- Taxa de RFI por 100 pranchas (quanto menor, melhor)
- Erros/omissões identificados em revisão independente
- Desvios de quantitativos vs. orçamento (+/-%)
- Prazo de resposta a RFI/ISSUE (SLA)
- Percentual de retrabalho interno por revisão
- Incidência de patologias pós-obra (até 5 anos)
- Satisfação do cliente e taxa de recompra
- Conformidade normativa em auditorias internas
10) Estudos de caso
- Edifício residencial, 12 pavimentos, laje protendida
- Alternativa A (laje maciça 16 cm) vs. B (laje protendida 20 cm)
- Resultado: redução de pilares intermediários, melhor integração com MEP, economia de formas e prazo; custo estrutural +5%, custo total da obra -3% e prazo -15 dias
- Galpão industrial 40 x 80 m, cobertura metálica com treliças
- Otimização de vãos, contraventamento e ligações; pré-dimensionamento orientando compras antecipadas
- Resultado: redução de 8% em peso de aço e 10 dias no cronograma
- Retrofit de laje em edifício comercial
- Diagnóstico de carbonatação e perda de seção das armaduras; reforço com laminados de CFRP e injeção de fissuras
- Resultado: restabelecimento de capacidade com mínima interferência no uso
11) Como contratar uma empresa de engenharia estrutural
– Portfólio relevante e referências (obras similares, complexidade)
- Equipe (CREA, experiência em materiais e sistemas pretendidos)
- Processos e tecnologia (BIM, QA/QC, padrões de documentação)
- Proposta técnica e comercial clara (escopo, entregáveis, revisões, prazos)
- Matriz de riscos e premissas explicitadas
- ART por etapa e seguro de responsabilidade civil (quando aplicável)
- SLA de atendimento à obra (prazo de resposta, número de visitas)
- Entregáveis finais: pranchas, memoriais, modelos, as built, relatórios
12) Erros comuns a evitar
- Escolher apenas pelo menor preço, sem avaliar processo e experiência
- Pular sondagem do solo ou trabalhar com dados desatualizados
- Definir sistema estrutural tarde, depois do projeto arquitetônico consolidado
- Falta de compatibilização: shafts, vigas e eletrocalhas em conflito
- Especificações genéricas de concreto, cobrimento e durabilidade
- Ausência de plano de escoramento/desforma e sequência executiva
- Documentação deficiente: falta de memoriais, quantitativos e listas
13) Estrutura organizacional e competências
- Direção técnica (responsável pela ART, padronização técnica e revisão)
- Coordenação de projetos (interface com cliente, cronograma, entregas)
- Cálculo e modelagem (analistas/planners BIM)
- Detalhamento (desenhistas/modeladores, padronização de famílias e templates)
- QA/QC (revisão normativa e auditorias)
- Diagnóstico e campo (engenheiros e técnicos com certificações em ensaios)
- Administrativo e compliance (contratos, licenças, seguros, LGPD)
Competências essenciais:
– Domínio normativo e senso de engenharia (insight de concepção)
- BIM colaborativo e interoperabilidade
- Comunicação clara (memoriais, pareceres, defesa técnica)
- Gestão de mudanças e riscos
- Foco em custo total e construtibilidade
14) Tendências do setor
- BIM 4D/5D e integração com orçamento e planejamento
- Pré-fabricação e industrialização da construção
- Avaliação de carbono incorporado e soluções de baixo impacto
- Digital twins para operação e manutenção
- Ensaios e monitoramento estrutural com sensores (SHM)
- IA para pré-dimensionamento, detecção de conflitos e QA automatizado