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Custo de mão de obra na construção civil o que compõe

1) O que entra no custo de mão de obra

  • Mão de obra direta
    • Horas pagas de pedreiros, serventes, armadores, carpinteiros, eletricistas, encanadores etc.
    • Adicionais: insalubridade/periculosidade (quando aplicável), adicional noturno.
  • Encargos e benefícios (CLT)
    • INSS, FGTS, RAT, terceiros (Sistema S), provisões de 13º, férias + 1/3, DSR, feriados.
    • Benefícios: vale-transporte, alimentação/refeição, seguro de vida, assistência médica (se houver).
  • Mão de obra indireta
    • Encarregados, mestres, técnicos de segurança, engenheiro residente, administrativo de obra (rateados).
  • Custos operacionais da equipe
    • EPIs, uniformes, ferramentas manuais, equipamentos leves (rompedores, vibradores), depreciação/manutenção.
    • Mobilização, transporte, alojamento (se houver), vestiários e refeitório.
  • Horas improdutivas
    • Deslocamentos internos, espera por material/equipamento, ajustes, retrabalho, clima, reuniões e DDS.

2) Como calcular o custo horário real de um trabalhador

1. Defina o salário-base mensal.

  • Aplique encargos e provisões (percentual total efetivo varia por regime fiscal/folha; como referência de ordem de grandeza, muitas empresas trabalham entre 70% e 110% do salário).
  • Some benefícios mensais.
  • Calcule horas mensais contratuais: normalmente 22 dias x 8 h = 176 h.
  • Ajuste por improdutividade (ex.: 10% a 20%) para obter horas produtivas.
  • Custo horário produtivo = (salário + encargos + benefícios) ÷ horas produtivas.

Exemplo ilustrativo

– Pedreiro:

  • Salário: R$ 2.800,00
  • Encargos/provisões estimados: 85% → R$ 2.380,00
  • Benefícios: R$ 400,00
  • Total mensal: R$ 5.580,00
  • Horas contratuais: 176 h; improdutividade estimada: 15% → horas produtivas = 149,6 h
  • Custo/hora produtiva ≈ 5.580 ÷ 149,6 = R$ 37,30/h

– Servente:

– Salário: R$ 1.900,00; encargos: 80% → R$ 1.520,00; benefícios: R$ 300,00

  • Total mensal: R$ 3.720,00
  • Horas produtivas: 149,6 h → custo/h ≈ R$ 24,90/h
  • Em obras com banco de horas, turnos, ou regimes 12×36, ajuste o denominador de horas e as improdutividades.

3) Do custo horário ao custo unitário do serviço

Fórmula

– Custo de M.O. por unidade = Σ(HH_por_unidade_cada_função × custo_hora_produtiva_cada_função)

Onde HH/unidade é a quantidade de horas necessárias para produzir 1 unidade (m², m³, kg, peça).

Exemplo ilustrativo (alvenaria de vedação, bloco cerâmico):

– Equipe: pedreiro + servente

  • HH (referenciais ilustrativos; use TCPO/SINAPI ou histórico): pedreiro 1,8 h/m²; servente 1,2 h/m²
  • Custo/h (do exemplo acima): pedreiro R$ 37,30; servente R$ 24,90
  • Custo M.O./m² = (1,8 × 37,30) + (1,2 × 24,90) ≈ 67,14 + 29,88 = R$ 97,02/m²

Importante:

– Ajuste HH por complexidade (recortes, shafts, paginação), logística, altura, produtividade real da equipe.

– Para estruturas, meça por m² de fôrma, kg de aço e m³ de concreto:

– Fôrmas (carpintaria): HH/m² de fôrma

  • Armação: HH/100 kg de aço
  • Concretagem: HH/m³ considerando adensamento, acabamento e logística de bomba

Fontes de referência:

– TCPO e SINAPI oferecem composições-base. Use-os como ponto de partida, mas calibre com dados reais da sua obra (histórico é ouro).

4) Modelos de contratação e impacto no custo

  • CLT (equipe própria)
    • Vantagens: controle técnico, cultura de qualidade, retenção de conhecimento.
    • Desafios: encargos altos, gestão de pessoas, risco trabalhista.
  • Empreitada por preço unitário
    • Vantagens: previsibilidade por medição, transferência de parte dos riscos de produtividade.
    • Desafios: negociação de composições, fiscalização rigorosa, variação de qualidade entre equipes.
  • Empreitada global (turn-key)
    • Vantagens: simplicidade de gestão, responsabilidade concentrada.
    • Desafios: menor transparência de custos, margem maior do contratado.
  • Terceirização PJ/MEI
    • Use com cautela e conformidade legal; riscos de vínculo e responsabilidade solidária.

5) Indicadores-chave para controlar mão de obra

  • HH/unidade por serviço (ex.: h/m² de alvenaria, h/m² de fôrma, h/100 kg de aço, h/m³ de concreto)
  • Custo de M.O. por unidade (R$/m², R$/m³, R$/kg)
  • Produtividade diária por equipe (unidades/dia/equipe)
  • PPC (Percent Plan Complete) do Last Planner: % de tarefas concluídas conforme planejado
  • Taxa de retrabalho (% de horas refeitas)
  • Absenteísmo e rotatividade
  • Horas improdutivas por causa (espera, falta de material, clima)
  • Segurança: taxa de incidentes (acidentes encarecem e atrasam)

6) Alavancas práticas para reduzir custo de mão de obra

  • Projeto e planejamento (antes da obra)
    • Compatibilização (arquitetura–estrutura–MEP) para zerar retrabalho.
    • Modulação de alvenaria e vãos para reduzir recortes e peças especiais.
    • Definir sistemas construtivos voltados à produtividade (ex.: fôrmas de maior reaproveitamento, aço cortado e dobrado em fábrica, pré-armados).
    • Planejamento 4D (cronograma + modelo) para sequenciar frentes e minimizar esperas/colisões.
  • Suprimentos e logística
    • Kits por ambiente/pavimento (evita procura/erro).
    • Just-in-time para materiais volumosos; áreas de estoque bem posicionadas.
    • Rotas e lay-out de canteiro que reduzam deslocamentos.
  • Métodos e padronização
    • Padrões de execução e checklists por serviço (DoD — Definition of Done).
    • Protótipos (apto-modelo, pilar-modelo, banheiro-modelo).
    • Benchmark de produtividade entre equipes — publicar “quadro de produção” semanal.
  • Tecnologia e controle
    • Apontamento de horas via app; QR code por frente de serviço.
    • Painel de HH/unid e PPC atualizado (curva S/EVM simples ajuda a antecipar desvios).
  • Pessoas
    • Treinamento rápido no posto de trabalho (microtreinos de 10–15 min).
    • Remuneração variável por meta de produtividade/qualidade/segurança.
    • Equipes estáveis (curva de aprendizado reduz custo após 2–3 ciclos).
  • Segurança (NR-18, NR-35)
    • Boas práticas reduzem acidentes e paradas; proteções coletivas são mais eficientes que EPIs isolados.
  • Estruturas (pontos específicos)
    • Fôrmas: sistemas metálicos/plásticos ou madeira com alto reaproveitamento; planejamento de escoramento e reescoramento para liberar frentes.
    • Armação: aço cortado/dobrado pela usina, telas/armaduras prontas, gabaritos de dobra; mesas de montagem ergonômicas.
    • Concreto: janelas de concretagem otimizadas, bomba dimensionada, vibração suficiente; cura planejada para evitar retrabalho de reparos.

7) Erros comuns que encarecem a mão de obra

  • Projeto incompleto ou sem compatibilização.
  • Falta de material/equipamento no ponto de uso.
  • Superdimensionamento ou subdimensionamento de equipe.
  • Metas irreais de prazo.
  • Troca frequente de empreiteiros/equipe.
  • Falta de medição objetiva.

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