Conceitos-chave
- Vistoria predial x Inspeção predial
- Vistoria: ato de examinar in loco, podendo ser pontual.
- Inspeção predial: procedimento técnico sistematizado, com metodologia, classificação de anomalias e riscos e emissão de laudo com recomendações e prazos.
- Base técnica
- ABNT NBR 16747 (Inspeção predial) — diretrizes e níveis de inspeção.
- ABNT NBR 5674 (Manutenção de edificações) — sistema de gestão da manutenção predial.
- ABNT NBR 14037 (Manual de uso, operação e manutenção).
- Outras normas de sistema: NBR 5410 (elétrica BT), NBR 5419 (SPDA), NBR 5626 (água fria e quente), NBR 8160 (esgoto), NBR 9077 (saídas de emergência), NBR 17240 (detecção e alarme), NBR 13434 (sinalização), entre outras.
- Obrigações legais
- Dependem do município: periodicidade, escopo e exigência de protocolo do laudo em órgão público variam.
- Mesmo sem lei de autovistoria, o condomínio/proprietário responde civil e criminalmente por omissão na manutenção que cause danos.
Quando a inspeção costuma ser obrigatória
- Municípios com lei de autovistoria: é comum exigir inspeção periódica e laudo assinado por engenheiro ou arquiteto com ART/RRT.
– Situações que frequentemente exigem laudo, mesmo sem lei específica:
- Regularização de marquises, varandas e fachadas.
- Mudança de uso, reformas relevantes (NBR 16280), ampliações e processos de alvará.
- Edificações com manifestações patológicas evidentes (quedas de placas, infiltrações graves, trincas estruturais).
- Exigência de seguradoras ou bancos (financiamentos, seguros RC).
Quem pode realizar e assinar
- Engenheiro civil ou arquiteto com atribuições compatíveis ao escopo, com emissão de ART (CREA) ou RRT (CAU).
– Sistemas específicos exigem responsáveis técnicos específicos ou laudos complementares:
– Elevadores: empresa credenciada/manutenção.
- Gás canalizado: profissional habilitado conforme norma da concessionária e NBR aplicável.
- SPDA, detecção e alarme, pressurização, hidrantes: profissionais habilitados e, quando aplicável, conforme Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros.
Escopo técnico mínimo
- Estrutura e fundações: pilares, vigas, lajes, elementos de contenção; fissuras, corrosão de armaduras, recalques.
- Fachadas, marquises e sacadas: revestimentos, juntas, aderência, cerâmicas, argamassas, chapiscos, guarda-corpos.
- Coberturas e impermeabilizações: telhados, ralos, platibandas, lajes técnicas.
- Instalações elétricas e SPDA: quadros, barramentos, equipotencialização, DPS, aterramento, para-raios.
- Instalações hidrossanitárias e de gás: prumadas, válvulas, estanqueidade, ventilação, abrigo de gás.
- Segurança contra incêndio: rotas de fuga, iluminação de emergência, sinalização, portas corta-fogo, extintores, hidrantes, alarme, pressurização (quando houver).
- Acessibilidade e segurança de uso: pisos, corrimãos, guarda-corpos, desníveis, vagas PCD.
- Elementos de uso comum: garagens, pisos, juntas, rampas, circulação, áreas técnicas.
- Documentação: As Built, manual de uso, operação e manutenção, contratos de manutenção, relatórios anteriores.
Metodologia prática de execução
- Nível 1 (triagem): inspeção predominantemente visual, leitura de documentos, entrevistas, identificação de anomalias e classificação preliminar de riscos.
- Nível 2 (detalhada): amostragens ampliadas, abertura de pontos, ensaios não destrutivos, drones para fachadas, croquis e mapeamentos.
- Nível 3 (especializada): modelagem de risco, ensaios avançados, pareceres especializados (ex.: patologia complexa, análise estrutural).
Classificação de risco e prazos de correção
- Risco Crítico (Emergencial): risco iminente de queda, choque elétrico, explosão, incêndio, colapso local. Ação: isolar, interditar e corrigir em 24 a 72 horas.
- Risco Alto (Curto prazo): pode evoluir para acidente. Ação: correção em até 30 a 90 dias.
- Risco Moderado (Médio prazo): degradação progressiva, sem risco imediato. Ação: correção em 6 a 12 meses.
- Risco Baixo/Manutenção Preventiva (Programável): inserir no plano anual/bienal de manutenção.
Como o condomínio regulariza
- Levantamento documental: projetos, manuais, contratos de manutenção, AVCB, laudos antigos, RTs em vigor.
- Contratação do responsável técnico: defina escopo, prazos e entregáveis; exija ART/RRT.
- Inspeção in loco e ensaios: priorize áreas críticas (fachadas, marquises, elétrica, gás, incêndio).
- Emissão do laudo: com classificação de risco, memórias fotográficas, mapeamento de anomalias, plano de ações e prazos.
- Protocolo (se exigido): envio do laudo no sistema da prefeitura e arquivamento no condomínio.
- Correções e manutenções: contrate as obras e registre as RTs de execução; priorize riscos críticos.
- Revalidação/retorno: emita relatório de conformidade pós-correções e programe a próxima periodicidade.
- Manutenção contínua: implante a NBR 5674 (planos, rotinas, checklists, responsáveis e registros).
Penalidades comuns em caso de descumprimento
- Multas administrativas, notificação e, em casos extremos, interdição de áreas ou do imóvel.
- Responsabilização civil e criminal de síndico e proprietários por danos a terceiros.
- Perda de cobertura securitária por ausência de manutenção exigida em apólices.
Custos típicos de inspeção
- Inspeção predial nível 1: aproximadamente R$ 1,50 a R$ 6,00 por m² de área comum inspecionada, dependendo de altura, complexidade, acesso, documentação e riscos.
- Laudos específicos (fachadas, marquises, SPDA, elétrica, incêndio): valores à parte, conforme escopo e ensaios.
- Drones e acesso por corda: costumam reduzir custos em relação a balancins, quando tecnicamente aplicável.
Boas práticas para economizar sem perder qualidade
- Planeje antes de contratar: defina escopo claro; peça proposta técnica e comercial separadas.
- Use tecnologia: drones em fachadas, termografia para elétrica/umidade, aplicativos de checklist.
- Amostragem inteligente: abra pontos apenas onde as evidências indicam; complemente com ensaios não destrutivos.
- Integre contratos: alinhe inspeção com manutenções correntes (elevadores, bombas, SPDA) para aproveitar mobilização e reduzir retrabalho.
- Priorização por risco: direcione orçamento para eliminar riscos críticos primeiro; programe o restante.
- Documentação viva: mantenha plano de manutenção e registros atualizados (NBR 5674); isso reduz custos em inspeções futuras.