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Melhores Materiais Para Construção Sustentável

Como escolher: critérios objetivos de sustentabilidade

  • Baixo carbono incorporado: kgCO2e por unidade (m², m³ ou kg). Prefira produtos com EPD (Declaração Ambiental de Produto).
  • Conteúdo reciclado/reciclável e circularidade: capacidade de desmontar e reutilizar.
  • Durabilidade e manutenção: ciclo de vida longo reduz impactos totais.
  • Saúde e qualidade do ar: baixo VOC, livre de formaldeído adicionado, sem substâncias restritas.
  • Desempenho térmico/acústico: reduz consumo operacional de energia e ruído.
  • Origem e logística: disponibilidade local, menor transporte, manejo florestal responsável (FSC).
  • Conformidade e desempenho: atendimento a NBR 15575 (desempenho), NBR 6118 (concreto), NBR 8800 (aço), NBR 7190 (madeira), NBR 15961 (alvenaria estrutural), entre outras.

Estruturas

1) Concreto com adições minerais (SCMs) e cimentos de menor clínquer

  • O que é: concreto com cimento CP-III (escória), CP-IV (pozolânico) ou com substituição parcial por escória de alto-forno, cinza volante, metacaulim, cinza de bagaço de cana.

– Vantagens:

– Redução de 20–60% do CO2 incorporado frente a CP-II puro (varia da dosagem).

  • Melhor durabilidade (menor permeabilidade, mitigação de reação álcali-agregado).
  • Menor calor de hidratação — bom para grandes volumes.

– Cuidados:

– Ganho de resistência mais lento em alguns casos; planeje desformas e protensão.

  • Controle de cura e traço; compatibilidade com aditivos superplastificantes PCE.
  • Aplicações: fundações, pilares, lajes, paredes de concreto.
  • Normas: NBR 16697 (cimento), NBR 6118, NBR 12655 (concreto).

2) Concreto com agregados reciclados

  • Uso de brita reciclada de RCD classe A em concretos não estruturais (ou estruturais com estudos específicos).
  • Vantagens: desvio de aterro, menor extração de brita natural.
  • Cuidados: variabilidade, absorção de água, controle granulométrico e contaminações.
  • Aplicações: calçadas, contrapisos, blocos, elementos pré-moldados, pavimento permeável.

3) Cimentos avançados e ligantes alternativos

  • LC3 (calcário + argila calcinada): 30–40% menos CO2 que cimento Portland convencional; crescente no Brasil em escala piloto/industrial limitada.
  • Geopolímeros (cinzas, metacaulim): grande potencial de redução de CO2; requer cadeia de suprimentos consolidada e qualificação de obra. Ótimos em pré-moldados.

4) Aço estrutural e armaduras com conteúdo reciclado

  • Preferir aço de forno elétrico a arco (EAF) com sucata elevada e EPD publicada.
  • Vantagens: alta reciclabilidade, montagem rápida, retrofit limpo.
  • Cuidados: proteção anticorrosiva adequada ao ambiente (galvanização, pintura), detalhamento para desmontagem.
  • Normas: NBR 7480 (barras), NBR 8800 (aço estrutural).

5) Madeira engenheirada (CLT/MLC) e madeira serrada certificada

  • Vantagens: baixa energia incorporada, canteiro limpo, montagem rápida, ótimo desempenho térmico; potencial armazenar carbono biogênico.
  • Cuidados: projeto de durabilidade (umidade), proteção contra fogo (dimensionamento e charring), cupins, detalhamento de fundações e conexões metálicas. Exigir FSC e rastreabilidade.
  • Aplicações: lajes e paredes (CLT), vigas e pórticos (MLC), habitação multifamiliar, escolas, comerciais de médio porte.
  • Normas: NBR 7190; verifique documentos técnicos e guias específicos para CLT/MLC disponíveis no Brasil.

Vedação e alvenaria

6) Bloco de concreto com adições ou bloco de solo-cimento

  • Bloco de concreto com escória/cinza: robusto, bom para modulação.
  • Solo-cimento estabilizado: baixo carbono e boa inércia térmica.
  • Cuidados: controle de traço e cura, proteção à água, padronização de lotes.
  • Normas: NBR 6136 (blocos de concreto), NBR 10836 (solo-cimento – consulte atualizações).

7) Bloco cerâmico termoacústico

  • Cozimento eficiente e alívio de massa. Bom desempenho termoacústico com correta argamassa e graute.
  • Cuidados: qualidade dimensional, argamassas industrializadas com baixo VOC.

8) Concreto celular autoclavado (AAC)

  • Muito leve, bom isolamento térmico, redução de carga na estrutura.
  • Cuidados: fixações específicas, proteção externa contra umidade.

9) Sistemas industrializados leves (Light Steel Frame / Drywall / SIP)

  • Painéis com OSB certificado FSC/PEFC, lã de PET/celulose no miolo.
  • Vantagens: precisão, velocidade e baixo resíduo.
  • Cuidados: controle de umidade, barreiras de vapor, desempenho acústico entre ambientes.

Isolamento termoacústico

10) Lã de PET reciclado

  • Reciclado de garrafas, imputrescível, não irritante, baixo VOC.
  • Uso: paredes leves, forros, coberturas.

11) Celulose insuflada

  • Reciclada de papel, excelente preenchimento, bom custo.
  • Cuidados: barreiras de umidade, aplicação por equipe treinada.

12) Lã de rocha ou lã de vidro

  • Alto desempenho térmico e acústico, estável ao fogo.
  • Prefira versões com ligantes de baixo formaldeído.

13) Cortiça, fibras naturais (sisal, coco) e cânhamo

  • Renováveis, baixo carbono, boa acústica.
  • Cuidados: proteção contra umidade e pragas, fornecedores confiáveis.

Coberturas e impermeabilização

14) Telhas metálicas com pintura de alta refletância (cool roof) ou telhas cerâmicas claras

  • Reduzem cargas térmicas e consumo de ar-condicionado.
  • Combine com isolamento térmico sob cobertura.

15) Cobertura verde

  • Retém água de chuva, reduz heat island, aumenta vida útil da manta.
  • Cuidados: carga adicional, manutenção, detalhamento de drenos e barreira anti-raízes.

16) Membranas TPO ou EPDM e impermeabilizantes base água

  • Duráveis, recicláveis (TPO), menor emissão de VOC que sistemas solvente.
  • Verificar compatibilidade com proteção mecânica e emissividade solar.

Revestimentos e acabamentos

17) Tintas e seladores base água, baixo VOC

  • Certificações de VOC ajudam em créditos LEED/AQUA.
  • Evite solventes aromáticos e metais pesados.

18) Pisos de linóleo, madeira certificada, bambu engenheirado

  • Renováveis, boa performance e estética.
  • Cuidados: umidade, colas de baixo VOC.

19) Porcelanato e cimentícios com conteúdo reciclado

  • Muito duráveis; busque EPD e linhas com reaproveitamento de rejeitos.
  • Argamassas colantes e rejuntes de baixo VOC.

Esquadrias e fachadas

20) Vidros de controle solar (low-e) e seletivos

  • Reduzem cargas térmicas mantendo iluminação natural.
  • Combine com brises e fator solar adequado ao clima/local.

21) Caixilhos com ruptura de ponte térmica (alumínio com RT) ou madeira

  • Melhor desempenho térmico e condensação reduzida.
  • Vedações com EPDM e escovas de qualidade elevam estanqueidade.

22) Painéis translúcidos de policarbonato alveolar com proteção UV

  • Iluminação zenital difusa com baixo peso e boa resistência.

Pavimentação e drenagem urbana

23) Concreto permeável e pavers drenantes

  • Aumentam infiltração e reduzem escoamento superficial.
  • Exigem subleito granulado e manutenção periódica de poros.

24) Asfalto-borracha e misturas mornas

  • Reaproveitam pneus, permitem temperaturas de usinagem menores.

Instalações prediais (materiais)

25) Tubulações PEX ou CPVC para água quente

  • Duráveis, menor perda térmica. Evite soldas de cobre com alto impacto quando não necessárias.
  • Cabos elétricos LSZH (Low Smoke Zero Halogen) em áreas críticas de segurança.

26) Materiais para eficiência operacional

  • Membranas refletivas em dutos, isolantes térmicos adequados, selantes de baixo VOC.
  • Iluminação LED e sensores; não é “material de obra” clássico, mas impacta fortemente o consumo.

Inovações com alto potencial (avaliar disponibilidade local)

  • Concretos “carbon-cured” e adições com captura de CO2 mineralizado.
  • Cimento LC3 em escala maior nos próximos anos.
  • Concretos leves com EPS reciclado para enchimento e lajes nervuradas otimizadas.
  • Placas fotocatalíticas com TiO2 para fachadas (autolimpantes e redução de NOx, comedida).
  • Painéis com resíduos agroindustriais (casca de arroz, bagaço de cana) — verifique EPD e ensaios.

Indicadores típicos de carbono incorporado (ordem de grandeza, variam por fabricante/processo)

  • Concreto comum: 250–400 kgCO2e/m³ (depende do fck, teor de cimento e logística).
  • Cimento Portland: ~600–900 kgCO2e/ton (quanto menor o clínquer, melhor).
  • Aço de armadura (EAF, conteúdo reciclado alto): ~0,4–0,8 kgCO2e/kg; aço primário pode ser >1,7 kgCO2e/kg.
  • CLT/MLC: pode apresentar saldo negativo em inventários que contabilizam carbono biogênico; analisar metodologias e fim de vida.
  • Lãs minerais: ~1,0–1,5 kgCO2e/kg, porém com grande benefício operacional na vida útil.
  • Porcelanato: ~9–12 kgCO2e/m² (espessura e mix energético importam). Observação: sempre prefira dados com EPD do fabricante e, quando possível, ACV do edifício inteiro.

Certificações e documentação que ajudam

  • EPD verificada por terceira parte.
  • FSC/PEFC para madeira.
  • LEED, AQUA-HQE, EDGE: orientam créditos de materiais de baixo impacto, regionalidade e baixa emissão.
  • Rótulos de VOC (ABNT, Green Seal, UL Greenguard).
  • Conformidade às NBR de desempenho e segurança já citadas.

“Kits” de materiais sustentáveis por tipologia

– Residência unifamiliar:

– Vedação: bloco cerâmico termoacústico ou LSF com lã de PET.

  • Cobertura: telha metálica clara + isolamento + manta TPO ou telha cerâmica clara.
  • Estrutura: concreto com CP-III/CP-IV; avaliar MLC/CLT em áreas sociais.
  • Acabamentos: tintas baixo VOC, piso de madeira certificada/linóleo ou porcelanato.
  • Drenagem: piso permeável em vagas e jardins; bacia de retenção.

– Edifício comercial/educacional:

– Fachada com vidro seletivo low-e e brises; caixilhos com ruptura térmica.

  • Estrutura híbrida (núcleo em concreto com SCM + pórticos metálicos/MLC).
  • Isolamento acústico com lã de rocha ou PET; forros com conteúdo reciclado.
  • Cobertura verde ou cool roof; fotovoltaico quando viável.

– Galpão/logística:

– Estrutura metálica (aço EAF com EPD) ou pré-moldado com SCM.

  • Telha metálica com alta refletância + isolamento; ventilação natural cruzada.
  • Piso industrial com adições minerais, cura eficiente e juntas bem detalhadas.

Alertas técnicos e trade-offs

  • Durabilidade primeiro: não adianta baixo carbono se houver manutenção excessiva ou falhas prematuras.
  • Madeira: exija projeto de umidade, detalhes de pingadeiras, afastamento do solo e tratamento contra xilófagos.
  • Greenwashing: “eco” sem EPD ou sem dado mensurável — desconfie. Peça números.
  • Logística: material “verde” que vem de muito longe pode perder vantagem ambiental.
  • Fogo e acústica: sistemas leves precisam de camadas e ensaios para cumprir NBR 15575.
  • Compatibilidade química: aditivos, adições e impermeabilizantes devem ser compatíveis entre si.

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