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Formas Práticas e Profissionais de Economizar na Construção Civil (Sem Comprometer a Segurança)

1) Planejamento e anteprojeto: onde estão as maiores economias

  • Defina claramente requisitos de desempenho (estrutura, durabilidade, conforto, vida útil). Escopo claro reduz aditivos.
  • Faça estudo de viabilidade com cenários: custo x prazo x risco. Inclua contingência desde o início (p.ex., 5–10% em projeto básico; ajustar depois).
  • Geotecnia primeiro: uma boa investigação de solo (SPT, CPTu, ensaios laboratoriais) frequentemente paga-se múltiplas vezes ao otimizar fundações, contenções e movimentação de terra.
  • Modularidade e repetição: padronizar vãos, alturas e tipologias reduz formas, perdas e erros. Menos variabilidade = menos custo.

– Escolha do sistema estrutural:

– Edifícios: comparar laje maciça, nervurada, protendida, steel deck, pré-moldado. Protensão pode reduzir espessura, formas, pilares e prazos.

  • Obras industriais: avaliar metálica vs. concreto vs. mista, considerando logística de montagem, manutenção e corrosão.
  • Fundações: estacas hélice contínua, raiz, escavadas, pré-moldadas — cruze capacidade/solo/ruído/prazo.
  • Coordene arquitetura-estrutura-MEP desde o anteprojeto (BIM com clash detection). Elimina rasgos e remendos em lajes e vigas, um grande gerador de retrabalho.
  • Direcionadores 80/20: foque nos itens que mais pesam no custo (estrutura, fundações, fachadas, circulação vertical, MEP). Pequenos percentuais aqui valem muito.

2) Projeto executivo: economia por detalhamento e construtibilidade

– Detalhamento para execução:

– Minimizar congestão de armaduras (melhora produtividade e qualidade do adensamento).

  • Padronizar bitolas/dobras, reduzir variedades de barras.
  • Planejar emendas (sobreposições/couplers) estrategicamente para reduzir perdas e facilitar concretagem.

– Otimização de lajes:

– Protensão em lajes de grandes vãos reduz espessuras e apoios.

  • Lajes nervuradas/“waffle” viáveis quando a forma repetitiva compensa custo de moldes.
  • Laje steel deck pode acelerar cronograma em edifícios comerciais/industriais.

– Concreto e materiais:

– Use resistências compatíveis com necessidade real (evitar fck muito acima do necessário).

  • Aditivos e adições (escória, pozolana) podem reduzir calor de hidratação e custo total, além de melhorar durabilidade.
  • Avalie traço otimizado por usina (menos cimento, mesma resistência).

– Compatibilização BIM 3D/4D/5D:

– 3D: zeros de interferência.

  • 4D: sequência de execução e ciclo de formas.
  • 5D: quantitativos e orçamento vinculados ao modelo (recalcula em mudanças).

– Detalhes de construtibilidade:

– Evitar rebaixos, nichos e recortes desnecessários.

  • Clarificar passagens MEP nas furações previstas (mangas, aberturas).

3) Suprimentos e contratação

– Estratégia de contratação:

– Lotes por especialidade com interfaces claras (reduz aditivos por responsabilidades difusas) ou EPC/Design-Build para integrar projeto + obra quando o mercado e risco justificam.

  • Modelos com metas compartilhadas (GMP com “pain/gain share”) alinham incentivos de economia.

– Concorrência qualificada:

– Pré-qualifique fornecedores (capacidade técnica, histórico, prazo).

  • Padronize escopos nas cotações (todos precificando exatamente o mesmo).

– Negociação e compras inteligentes:

– Compras programadas por curva ABC (concreto, aço, formas, elevadores, fachada), aproveitando volume e travas de preço.

  • Logística de entrega just-in-time para reduzir perdas e estoques.
  • Contratos com cláusulas de reajuste e critérios claros de medição, evitando disputas e aditivos.

4) Execução: produtividade, ciclo e controle

– Sistema de formas:

– Repetição e ciclos curtos (alumínio para residenciais com alta repetição, trepantes em núcleos, mesa voadora em lajes).

  • Planeje a vida útil das formas e a sequência para maximizar reuso.

– Lean Construction:

– Last Planner System (planejamento colaborativo semanal), plano de restrições e PPC (Percent Plan Complete).

  • Takt planning em frentes repetitivas (apartamentos, salas).

– Sequenciamento e logística:

– Layout de canteiro eficiente (fluxos curtos, elevadores de balde, gruas bem posicionadas).

  • Minimizar esperas de bomba de concreto, guindaste e equipes.

– Qualidade e inspeções:

– Checklists por etapa (forma/armadura/instalações/inspeção de fck/ensaios de slump), reduz retrabalho.

  • Cura do concreto correta (evita fissuras/recuperações).

– Mão de obra:

– Treinamento específico para as técnicas escolhidas (protensão, pré-moldado, steel deck).

  • Equipes estáveis e metas por produtividade (sem apertar segurança).

– Pré-fabricação e industrialização:

– Pré-moldados (vigas, pilares, escadas, painéis) encurtam prazo e reduzem desperdício quando a logística permite.

  • Kits MEP pré-montados em bancada.

– Gestão de resíduos:

– Planeje cortes e sobras, segregação por tipo, locais de coleta. Menos desperdício = menos custo de reposição e transporte.

5) Controles financeiros: sem controle, não há economia

  • Orçamento base e curva S: estabeleça baseline por pacote de trabalho.

– Medições e EVM (Earned Value Management):

– CPI (Cost Performance Index) e SPI (Schedule Performance Index) simples já indicam desvio cedo.

  • Aja ao primeiro sinal de tendência (não espere fechar o mês).
  • Indicadores de retrabalho e de produtividade por equipe/frente.

– Gestão de mudanças:

– Portão de aprovação: toda alteração passa por avaliação de custo-prazo-risco.

  • Rastreie a origem das mudanças para aprender e prevenir recorrências.
  • Contingência e reserva de gerenciamento: use com critério e registre lições aprendidas.

6) Engenharia diagnóstica: evitar surpresas caras

– Ensaios e inspeções na fase certa:

– Ensaios de integridade e capacidade em estacas-piloto para permitir projetos de fundações mais otimizados.

  • Inspeções no recebimento de materiais (lotes de aço, concretos, blocos).

– Monitoramento:

– Instrumentação (recalques, prumo, fissuras) pode evitar patologias e reforços posteriores.

– Comissionamento:

– Testes de estanqueidade, desempenho MEP, balanceamento de ar/água antes da entrega — evitar retrabalhos caros depois de acabamentos.

7) Materiais e escolhas de custo-benefício

– Aço:

– Otimize taxas de armadura por peça; evite superdimensionamento conservador demais.

  • Padronize bitolas e avalie compra por peso com planos de corte para diminuir perdas.

– Concreto:

– Fck adequado; adições e aditivos corretos; bombeabilidade para produtividade.

  • Programação de janelas de concretagem para negociar melhor preço com concreteiras.

– Alvenaria e vedações:

– Blocos estruturais ou modulação correta da alvenaria de vedação reduzem cortes e entulho.

  • Pré-vãos padronizados para portas/janelas.

– Revestimentos:

– Substratos bem executados poupam massa e tempo de regularização.

– Fachada:

– Sistemas modulares/painéis, ou racionalização do layout para minimizar recortes e encontros complexos.

8) Digitalização e IA na prática (ganhos rápidos)

  • BIM 5D para estimativas e “what-if”: compare soluções estruturais e visualize impacto de custo instantaneamente.
  • Clash detection: reduzir interferências antes da obra é uma das maiores fontes de economia.
  • Drones e fotogrametria: acompanhe avanço físico e volume de terraplenagem para pagamentos e auditoria.
  • Controle por planilhas: se você tiver orçamentos/medições em .xls/.xlsx/.csv, posso ajudar a:
    • Limpar e padronizar centros de custo
    • Criar dashboards de CPI/SPI e curva S
    • Prever estouros com modelos simples de tendência
    • Sugerir oportunidades de saving por pacote

9) Erros comuns que aumentam o custo

  • Pouca investigação de solo e fundações superdimensionadas “por garantia”.
  • Falta de compatibilização (arquitetura-estrutura-MEP).
  • Mudar soluções executivas no meio do caminho sem gestão de mudanças.
  • Comprar “o mais barato” sem avaliar produtividade, vida útil e custo total.
  • Falta de controle de produção (não medir PPC, produtividade, retrabalho).
  • Detalhes arquitetônicos complexos e não repetitivos sem benefício real.

10) Exemplo resumido de impacto prático

– Edifício residencial de 15 pavimentos:

– Migração de laje maciça 15 cm para laje protendida 12 cm com vãos otimizados: redução de concreto e formas; ciclo de pavimento -1 dia.

  • Padronização de pilares e bitolas: menos perdas de aço e menos erros de dobra.
  • BIM 3D para passagens MEP: zero cortes em vigas; menos retrabalho.
  • Last Planner: aumento do PPC de 55% para 80% em 6 semanas; menor variabilidade de produção.
  • Resultado típico: economia de CAPEX e redução de prazo global — o benefício combinado muitas vezes supera 5–10% do custo direto dependendo do ponto de partida.

11) Checklist essencial de economia (para imprimir no canteiro)

  • Solo e fundações verificados e otimizados
  • Sistema estrutural escolhido por custo total e prazo (não só preço unitário)
  • Compatibilização BIM concluída antes de começar alvenarias e instalações
  • Ciclo de formas planejado e repetitivo
  • Compras ABC com escopo padronizado e negociação por volume
  • Last Planner ativo, PPC semanal e plano de restrições
  • Checklists de qualidade por etapa
  • Gestão de mudanças com análise de custo/prazo
  • Indicadores de retrabalho e produtividade monitorados
  • Rotina de lições aprendidas e ajustes de processo

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