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Rachaduras Na Parede o que Pode Ser Como Identificar a Causa e o que Fazer

1) O que o padrão da rachadura indica (leituras rápidas)

  • Diagonais a ~45° nos cantos de portas/janelas
    • Sugerem recalque diferencial, ausência/deficiência de vergas e contravergas, ou concentração de tensões no vão.
  • Verticais no meio do pano de parede
    • Comuns por retração da argamassa/revestimento, ausência de juntas em panos longos, ou movimentação térmica/higroscópica.
  • Horizontais contínuas na altura da laje ou junto à viga
    • Movimentação diferencial entre a estrutura e a alvenaria; falta de dessolidarização; dilatação/contração.
  • Em “mapa” (craquelamento, pele de crocodilo)
    • Retração de argamassa ou pintura, cura deficiente, incompatibilidade entre camadas.
  • Paralelas a armaduras (em pilares/vigas) ou com desplacamento do cobrimento
    • Possível corrosão de armadura (expansão), perda de aderência e risco de delaminação.
  • Em encontros de paredes/quinas e encontros alvenaria x estrutura
    • Movimentação diferencial; falta de tela de transição ou junta adequada.
  • Rachaduras com degrau (deslocamento) e que atravessam a parede
    • Sinal de movimento mais sério (recalque, instabilidade local, retirada de elementos). Exige atenção técnica.
  • Em áreas molhadas ou fachadas sem proteção
    • Geralmente associadas a umidade/infiltração, variações térmicas e perda de aderência do revestimento.

2) Principais causas por trás das rachaduras

  • Recalque diferencial de fundação
    • Mudança de umidade do solo, escavações/vibrações vizinhas, solo colapsível, fundações subdimensionadas.
  • Falhas de projeto/execução na alvenaria
    • Ausência de vergas/contravergas, amarração inadequada, falta de graute em alvenaria estrutural, juntas inexistentes.
  • Movimentações térmicas e higroscópicas
    • Panos extensos sem juntas, fachadas com forte insolação, variações de umidade.
  • Retração de argamassas ou concreto
    • Cura acelerada, traço inadequado, substrato muito absorvente sem preparo (chapisco/ponte de aderência).
  • Umidade e infiltrações
    • Subida capilar, falhas de impermeabilização, ralos/raletes, rufos e pingadeiras inexistentes.
  • Sobrecargas/adaptações
    • Aberturas em paredes, remoção de elementos, cargas adicionais em lajes sem verificação.
  • Corrosão de armaduras
    • Carbonatação/cloretos gerando fissuras longitudinais e desplacamento do cobrimento.
  • Vibrações/choques
    • Máquinas, tráfego pesado, martelamento, demolições.
  • Sistemas leves (drywall)
    • Fissuras nas juntas por movimentação, parafusos aflorando, falta de banda acústica/dessolidarização.

3) Terminologia útil (largura e gravidade)

  • Fissura: até ~0,3 mm (fio de cabelo). Muitas são cosméticas e passivas.
  • Trinca: ~0,3 a 1,0 mm. Pode exigir tratamento e monitoramento.
  • Rachadura: ~1 a 5 mm. Muitas vezes indica mecanismo ativo; investigar causa.
  • Fenda: >5 mm. Potencialmente grave.
  • Passiva x ativa: a ativa muda de largura ao longo do tempo/temperatura/umidade; requer monitoramento e geralmente solução mais robusta.

4) Sinais de alerta para agir com prioridade

  • Abertura acima de ~1 mm e aumentando ao longo de dias/semanas.
  • Portas/janelas desalinhadas, pisos trincando próximos, peças cerâmicas destacando.
  • Desnível entre as bordas (degrau) e rachadura que atravessa a espessura.
  • Estalos, sensação de movimento, aparecimento súbito após obra próxima.
  • Armadura exposta, desplacamento do cobrimento, ferrugem aparente.
  • Umidade disseminada, bolor, eflorescências e pintura “estufando”.

Se notar esses sinais, interrompa cargas adicionais, restrinja uso do ambiente se necessário e solicite avaliação técnica presencial.

5) Como diagnosticar na prática (roteiro em campo)

  1. Anamnese
  • Idade da construção, reformas recentes (abertura de vãos, troca de esquadrias), eventos (enchentes, obras vizinhas), vazamentos.
  • Mapeamento e medição
  • Fotos com escala (régua/moeda), croqui indicando posição, largura com lâminas calibradas ou réguas de fissura, verificação se atravessa a parede.
  • Ensaios simples
  • Percussão para identificar som cavo e áreas descoladas.
  • Umidímetro (ou teste simples de folha plástica) para confirmar umidade.
  • Pacômetro/ferroscan em concreto para localizar armaduras quando necessário.
  • Monitoramento
  • Marcadores de gesso/vidro, tell-tales adesivos ou pinos com leituras periódicas (7, 15, 30 dias).
  • Verificação de detalhes construtivos
  • Presença/detalhamento de vergas/contravergas, juntas de movimentação, dessolidarização na interface laje/alvenaria, impermeabilização e rufos.

6) O que fazer (soluções orientadas pela causa)

  • Retração/assentamento passivo do revestimento
    • Abrir em V, limpar, ponte de aderência e recompor com argamassa polimérica; incorporar tela de fibra de vidro na camada superficial; acabamento com tinta elastomérica quando exposto.
  • Movimentação térmica/higroscópica em panos longos
    • Criar/regularizar juntas de movimentação; usar selante flexível PU/MS; prever juntas em revestimentos; cores claras em fachadas para reduzir ganho térmico.
  • Interface alvenaria x estrutura
    • Dessolidarização com material compressível; selante flexível; tela de transição; evitar chumbamentos rígidos.
  • Falta de verga/contraverga
    • Executar verga/contraverga em aço/concreto conforme cálculo; costura da alvenaria (grampos metálicos e graute) quando indicado.
  • Recalque de fundação
    • Diagnosticar e estabilizar (recalce, microestacas, injeções) antes de reparar a alvenaria; só depois tratar as trincas.
  • Umidade/infiltração
    • Sanear a origem (impermeabilização, correção de ralos, rufos, drenos); remover revestimento solto, tratamento antifungo, recomposição; hidrofugação quando aplicável.
  • Corrosão de armaduras
    • Remover cobrimento degradado, passivar armaduras, recompor com argamassa de reparo estrutural, proteção superficial; verificar a causa (carbonatação/cloretos).
  • Revestimento sem aderência
    • Remoção total da área solta, preparo com chapisco colante, argamassa compatível, juntas e rejuntes flexíveis, cura adequada.

Regra de ouro: sempre elimine a causa antes de “tampar” a rachadura. Reparos cosméticos em mecanismos ativos falham rapidamente.

7) Prevenção para novas rachaduras

  • Projeto e detalhamento: prever vergas/contravergas, juntas de movimentação e dessolidarização.
  • Materiais e execução: traços adequados, chapisco/ponte de aderência, controle de cura, compatibilidade entre camadas.
  • Impermeabilização e drenagem: proteger panos expostos e áreas molhadas; manter rufos, calhas, pingadeiras.
  • Gestão de reformas: avaliar aberturas/cargas antes de executar; não remover elementos sem análise.

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