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Como Acabar com Infiltração na Parede Diagnóstico Certeiro e Reparo Definitivo (Passo a Passo Profissional)

1) Antes de tudo: diferencie a origem da umidade

Principais fontes:

– Chuva

  • Fachada fissurada, rejuntes degradados, peitoris sem pingadeira, esquadrias mal vedadas, rufos/calhas com falhas, lajes/telhados sem impermeabilização adequada.
  • Solo
    • Umidade ascendente (capilaridade) no rodapé e paredes térreas.
    • Pressão lateral em paredes de subsolo, muros de arrimo, áreas enterradas.
  • Instalações hidráulicas
    • Vazamento em água fria/quente, esgoto, pontos de drenagem (ralos, caixas sifonadas).
  • Condensação
    • Ambientes frios/sem ventilação (mofo em cantos, atrás de móveis, paredes externas frias).

Sinais que ajudam no diagnóstico:

– Mancha com “borda” bem definida que surge após chuva: provável entrada de água por fachada, esquadrias ou cobertura.

  • Bolhas/descascamento da pintura perto do piso (até ±1 m): típica umidade ascendente por capilaridade.
  • Eflorescência (sais esbranquiçados), reboco oco e salitre: presença contínua de água carregando sais (solo ou fachada).
  • Manchas e mofo em cantos superiores e atrás de armários, sem relação com chuva: provável condensação.
  • Manchas localizadas sem relação com clima, com hidrômetro variando mesmo com registros fechados: vazamento em tubulação.

Testes simples (sem quebrar nada):

– Hidrômetro: feche todos os registros internos; se o hidrômetro seguir girando, há vazamento na rede de água.

  • Filme plástico: fixe um quadrado de plástico na parede por 48 h. Se condensar do lado de dentro do plástico, a umidade vem do ambiente. Se do lado da parede, vem do substrato.
  • Spray controlado: simule chuva por 15–30 min sobre a área externa suspeita (parapeitos, juntas de esquadrias, fissuras) e observe se aparece umidade do lado interno.
  • Corante alimentar fluorescente: em ralos e rufos, para rastrear caminho da água.
  • Termografia e medidor de umidade: aceleram o mapeamento (ótimo para diagnóstico profissional).

Normas úteis no diagnóstico e desempenho:

– ABNT NBR 16747 – Inspeção predial (diretrizes e laudo).

  • ABNT NBR 15575 – Desempenho de edificações habitacionais (estanqueidade de fachadas e coberturas).
  • ABNT NBR 5626 – Instalações prediais de água fria e quente (para testes de estanqueidade).
  • ABNT NBR 9575 e NBR 9574 – Impermeabilização: seleção/projeto e execução.

2) Soluções por causa raiz

A) Umidade ascendente (capilaridade)

  • Sinais: pintura estufada até 0,8–1,2 m, rodapé esfarelando, salitre.

– Soluções:

1) Barreira horizontal retrofit (definitivo):

 - Cortar a alvenaria em fiadas alternadas para inserir manta asfáltica (DPC) ou chapas específicas. É invasivo, mas resolve de vez.

2) Barreira química por injeção:

– Furar a cada 10–12 cm no rodapé, injetar creme/solução hidrofugante (silano/siloxano). Menos invasivo; eficácia depende da saturação e da execução.

3) Tratamento do revestimento:

– Remover reboco contaminado; aplicar reboco de desumidificação/macro-poroso ou argamassa com aditivo hidrofugante; refazer acabamento.

4) Drenagem externa:

– Melhorar nível do terreno, afastar água de chuva da base, instalar rufos e pingadeiras, calçadas com caimento para fora.

  • Materiais: hidrofugantes silano-siloxano, argamassa de desumidificação, manta asfáltica para DPC.

– Custos indicativos:

– Barreira química: R$ 300–600 por metro linear.

  • Rebate e novo reboco com aditivo: R$ 120–220 por m².
  • Drenagem/saia impermeável externa: R$ 180–350 por metro linear.

B) Infiltração lateral (paredes contra o solo, subsolos, arrimos)

  • Sinais: parede úmida com pressão, água atravessando em dias de chuva, bolor contínuo em áreas enterradas.

– Solução recomendada (do lado de ataque – positiva):

1) Escavação e regularização do paramento externo.

2) Impermeabilização positiva:

– Argamassa polimérica flexível bicomponente ou manta asfáltica (APP/SBS). Em subsolos com alta pressão d’água, combinar sistemas.

  • Proteção mecânica da impermeabilização (manta proteção, placas).

4) Sistema de drenagem:

– Painel dreno ou manta nodular + geotêxtil + tubo dreno perfurado em berço de brita, com caixas de inspeção.

  • Reaterro com solo adequado e compactação em camadas.

– Se não for possível acessar externamente:

– Impermeabilização negativa (cristalizante/argamassa polimérica) do lado interno + dreno aliviador. É mitigação, não tão definitiva quanto a positiva.

– Custos indicativos:

– Argamassa polimérica: R$ 80–160 por m².

  • Manta asfáltica + proteção: R$ 120–250 por m².
  • Dreno perimetral completo: R$ 250–500 por metro linear.

C) Fachadas e paredes expostas à chuva

  • Causas comuns: fissuras de retração, juntas abertas, rejuntes degradados, ausência de hidrofugação, peitoris sem pingadeira, soleiras mal detalhadas.

– Soluções:

1) Tratar fissuras:

 - Abertura em “V”, limpeza, ponte de aderência e recomposição com argamassa/selante flexível; fissuras ativas pedem mastique PU/MS.

2) Rejuntar e selar:

– Rejunte flexível em revestimentos; selante nas juntas de movimentação.

3) Hidrofugação:

– Aplicar hidrofugante silano/siloxano em substratos porosos (tijolo aparente, pedra, reboco). Não muda aparência quando correto.

4) Peitoris e pingadeiras:

– Garantir caimento ≥ 2%; criar/recuperar pingadeira para evitar “choro” na face da parede.

5) Ensaio de estanqueidade:

– Spray test conforme critérios de desempenho (NBR 15575) ou procedimentos de esquadrias (NBR 10821) para validar.

– Custos indicativos:

– Selamento de fissuras/juntas: R$ 30–90 por metro linear.

  • Hidrofugante de fachada: R$ 35–85 por m².
  • Rejunte/recomposição local: R$ 60–140 por m².

D) Esquadrias, peitoris e encontros

  • Causas: falta de contramarco, drenos obstruídos, selante envelhecido, peitoril com caimento invertido, ausência de pingadeira.

– Soluções:

– Desobstruir drenos das esquadrias, refazer selagem perimetral com selante neutro (PU/MS), revisar contramarco, corrigir peitoril (caimento externo) e pingadeira, instalar peitoril metálico/rocha se necessário.

  • Dica: aplicar fita expansiva de vedação em encontros e usar primers compatíveis.
  • Custo: R$ 40–110 por metro linear de selagem; substituição de peitoril varia conforme material.

E) Lajes, sacadas, coberturas e telhados

  • Problemas: impermeabilização inexistente/avariada, ralos mal detalhados, ausência de meia-cana, telha trincada, rufo solto, calha entupida.

– Soluções para lajes descobertas/sacadas:

1) Refazer impermeabilização:

 - Argamassa polimérica flexível (sob proteção) ou manta asfáltica com proteção (ardósia/alumínio).

2) Detalhamento:

– Meia-cana nos encontros, reforço com tela nos ralos, soleiras técnicas em portas, teste de inundação por 72 h (NBR 9574) antes do piso.

– Telhados:

– Substituir telhas danificadas, revisar cumeeiras e rufos, instalar subcobertura aluminizada quando cabível; limpar calhas e bocais.

– Custos:

– Impermeabilização acrílica/elastomérica: R$ 60–180 por m² (manutenção periódica).

  • Manta asfáltica: R$ 120–250 por m².
  • Correção de rufos/calhas: R$ 50–150 por metro linear.

F) Instalações hidráulicas (vazamentos)

– Procedimentos:

– Teste de estanqueidade (pressão) em água fria/quente (NBR 5626); teste de coloração para esgoto; inspeção em caixas sifonadas; termografia para água quente.

  • Reparar e, se possível, criar shafts de inspeção para futuras manutenções.
  • Custos: muito variáveis; reparos pontuais em tubulação embutida podem ir de R$ 400 a R$ 2.000 por ponto, a depender de acesso e acabamentos.

G) Condensação (sem infiltração externa)

  • Sinais: mofo e odor em ambientes fechados, manchas em cantos, principalmente em inverno ou regiões úmidas.

– Soluções:

– Ventilação cruzada, exaustores em banheiros e cozinhas, reduzir secagem de roupas em áreas internas, desumidificador quando necessário.

  • Isolamento térmico em paredes frias/tetos e evitar móveis encostados diretamente em paredes externas.
  • Pintura antimofo é apenas complemento; tratar causa primeiro.
  • Custo: de baixo (ventilação, hábitos) até moderado (isolamento pontual).

Observação importante: Custos variam por região, acesso, altura, acabamento e extensão do dano. Use-os como ordem de grandeza e valide com composições locais (SINAPI/CUB) e cotações.

3) Passo a passo prático de reparo (modelo geral)

  1. Diagnóstico
  • Mapeie manchas e fissuras; use medidor de umidade/termografia quando possível.
  • Registre com fotos e croquis; identifique a provável origem combinando sinais e testes.
  • Se houver indício estrutural (fissuras > 3 mm, recalques), pare e consulte engenheiro estrutural.
  • Preparação
  • Proteja mobiliário e pisos.
  • Planeje a logística de obra (acesso, andaimes, EPI).
  • Defina e compre materiais compatíveis (sistemas não se misturam aleatoriamente).
  • Tratamento da causa
  • Impermeabilize do lado de ataque da água sempre que possível (positiva).
  • Execute detalhes: meia-canas, ralos, rufos, pingadeiras, caimentos corretos.
  • Nas fachadas, trate fissuras e juntas antes de hidrofugar/pintar.
  • Recuperação do acabamento
  • Retire reboco/pintura contaminados.
  • Aplique fundos seladores compatíveis, reboco novo se necessário e pintura/acabamento final.
  • Teste e validação
  • Faça teste de inundação em lajes (72 h).
  • Execute spray test em fachadas e checagem em esquadrias.
  • Reconheça a área por algumas semanas para confirmar a eficácia.
  • Manutenção preventiva
  • Limpeza periódica de calhas, revisão de selantes (2–5 anos), nova hidrofugação conforme ficha técnica, inspeções semestrais pós-chuva forte.

4) Materiais e boas práticas

  • Impermeabilizantes
  • Argamassa polimérica flexível bicomponente: bom para áreas molhadas, rodapés, paredes internas/externas protegidas.
  • Manta asfáltica APP/SBS: excelente para lajes; exigir primer e proteção mecânica quando aplicável.
  • Membranas elastoméricas/acrílicas: manutenção mais frequente; ideais para coberturas acessíveis com inspeção periódica.
  • Cristalizantes: úteis em concreto, sobretudo como complemento.
  • Selantes e juntas
  • PU/MS híbrido para juntas de movimentação e perímetros de esquadrias; usar primer.
  • Fitas butílicas e fitas expansivas em detalhes de esquadrias.
  • Rejuntes flexíveis ou epóxi em áreas molhadas externas.
  • Hidrofugantes
  • Base silano/siloxano para substratos porosos; aplicar em superfície seca e limpa; respeitar reaplicações.
  • Detalhamento que evita infiltração
  • Pingadeiras em peitoris, platibandas e pingadeiras metálicas quando preciso.
  • Rufo/capa de rufo bem fixados e selados.
  • Calçadas perimetrais com caimento para fora da edificação.
  • Barreira horizontal na base da alvenaria (em obras novas).

5) Normas ABNT que valem consultar/exigir

  • NBR 9575 – Impermeabilização – Seleção e Projeto.
  • NBR 9574 – Impermeabilização – Execução.
  • NBR 15575 (partes 3 e 4) – Desempenho de vedações e coberturas (estanqueidade).
  • NBR 5626 – Instalações prediais de água fria e quente.
  • NBR 10821 – Esquadrias para edificações (desempenho/ensaios).
  • NBR 13529 e correlatas – Revestimentos de paredes e tetos com argamassas.
  • NBR 13755 – Revestimento de fachadas com placas cerâmicas – Projeto e execução.
  • NBR 16747 – Inspeção predial – Diretrizes e laudo.
  • NBR 14037 – Manual de uso, operação e manutenção das edificações.

Obs.: Use a norma como base de requisitos e métodos; sempre siga as fichas técnicas dos fabricantes.

6) Erros comuns (evite!)

  • Pintar por cima da mancha sem tratar a causa.
  • Misturar sistemas incompatíveis (ex.: aplicar acrílico sobre manta sem primer).
  • Falta de detalhes: sem meia-cana nos ralos, sem pingadeiras, sem caimento.
  • Hidrofugar fachada com fissuras ativas não tratadas.
  • Rejuntar parcialmente e esquecer juntas de movimentação.
  • Ignorar manutenção de calhas, rufos e selantes.

7) FAQ rápido

  • Tinta impermeável resolve?
    • Só como acabamento após corrigir a causa. Sozinha, geralmente é paliativa.
  • Hidrofugante deixa a parede “respirar”?
    • Sim, quando bem especificado (silano/siloxano), permite difusão de vapor, reduzindo absorção de água líquida.
  • Dá para resolver umidade ascendente sem quebrar?
    • Barreira química e reboco de desumidificação ajudam muito; a solução mais definitiva é a barreira física (invasiva).
  • Quanto tempo leva?
    • Reparos simples: 1–3 dias. Sistemas de impermeabilização com testes: 3–7 dias por área. Subsolos com drenos: 1–3 semanas.

8) Checklist de inspeção rápida (para você usar)

  • Coleta de informações
    • Quando a mancha aparece? Após chuva? O ano todo?
    • Houve reformas recentes? Vazamentos passados?
  • Vistoria externa
    • Telhado, rufos e calhas limpos e íntegros?
    • Fachada com fissuras/juntas abertas? Peitoris com pingadeira e caimento?
  • Vistoria interna
    • Mapear manchas, bolhas, eflorescência; medir umidade.
    • Verificar pontos hidráulicos próximos.
  • Testes
    • Hidrômetro com registros fechados.
    • Filme plástico 48 h em área suspeita.
    • Spray test controlado em fachada/esquadrias.
  • Plano de ação
    • Definir causa mais provável.
    • Selecionar solução por sistema.
    • Orçar materiais, mão de obra e prazo.
    • Testes de validação programados.

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