Um bom projeto estrutural é o coração de qualquer construção. Ele garante que uma edificação seja segura, estável e duradoura. Porém, existem erros e atitudes que podem comprometer seriamente o resultado final. São verdadeiros “venenos letais” para um projeto estrutural, capazes de gerar prejuízos financeiros, atrasos e, no pior dos casos, colocar vidas em risco. Identificar esses problemas é fundamental para evitá-los e garantir que a obra siga conforme o planejado.
1. Falta de Compatibilização com o Projeto Arquitetônico
Um dos erros mais comuns é iniciar o projeto estrutural sem uma compatibilização prévia com o projeto arquitetônico. Quando arquitetura e estrutura não “conversam”, surgem conflitos como pilares mal posicionados, vigas atravessando aberturas de portas ou janelas e até fundações desalinhadas. A falta de compatibilização gera retrabalhos e pode comprometer a estética do projeto.
Como evitar: promover reuniões entre arquiteto e engenheiro estrutural logo no início, garantindo que a solução estrutural respeite o conceito arquitetônico e seja tecnicamente viável.
2. Uso de Profissionais Não Habilitados
Confiar o dimensionamento estrutural a pessoas sem formação adequada é uma das maiores ameaças a qualquer obra. “Engenheiros de WhatsApp” ou soluções improvisadas podem parecer mais baratas no início, mas resultam em projetos inseguros e fora das normas da ABNT.
Como evitar: contratar engenheiros civis ou engenheiros estruturais com registro no CREA e exigir a emissão da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).
3. Subdimensionamento ou Superdimensionamento
Um projeto mal dimensionado é outro veneno para a obra. O subdimensionamento pode levar à ruptura ou instabilidade estrutural, colocando vidas em risco. Já o superdimensionamento causa desperdício de materiais, tornando a obra desnecessariamente cara.
Como evitar: confiar em cálculos precisos, softwares atualizados e experiência técnica do projetista. Revisões internas e conferência dos dimensionamentos são passos fundamentais.
4. Falhas na Drenagem e Consideração de Cargas
Ignorar o comportamento do solo e a influência da água pode ser desastroso. Fundações mal calculadas em solos de baixa capacidade de suporte ou sem drenagem adequada resultam em recalques diferenciais e trincas nas paredes. Em casos extremos, podem levar ao colapso parcial ou total da estrutura.
Como evitar: realizar sondagens geotécnicas antes do projeto, considerar cargas permanentes e variáveis corretamente e prever sistemas de drenagem para evitar acúmulo de água próximo às fundações.
5. Alterações Durante a Execução Sem Revisão Técnica
É muito comum que, durante a obra, surjam ideias de mudar uma parede de lugar, abrir um vão maior ou remover um pilar para “ganhar espaço”. Alterações desse tipo sem análise técnica são extremamente perigosas, pois mudam o caminho de cargas e podem gerar sobrecarga em elementos que não foram projetados para isso.
Como evitar: qualquer modificação deve ser analisada e aprovada pelo engenheiro responsável. Soluções improvisadas no canteiro de obras são um convite a patologias construtivas e acidentes.
6. Falta de Compatibilização com Projetos Complementares
Projetos estruturais precisam estar alinhados com projetos elétricos, hidráulicos, de ar-condicionado e outros. Sem essa integração, surgem problemas como furos indevidos em vigas para passagem de tubulações, reduzindo a resistência do concreto.
Como evitar: usar ferramentas de compatibilização como BIM (Building Information Modeling) e promover reuniões de coordenação de projetos para resolver conflitos ainda na fase de planejamento.
7. Falta de Detalhamento e Documentação
Um projeto estrutural sem detalhes construtivos, plantas bem definidas e memoriais de cálculo é uma receita para erros em campo. A execução fica sujeita à interpretação do mestre de obras, o que aumenta as chances de falhas.
Como evitar: entregar um projeto completo, com desenhos claros, especificações de materiais e passo a passo para execução.
8. Uso de Materiais de Baixa Qualidade
Mesmo um projeto bem elaborado pode ser comprometido se forem usados materiais fora de especificação, como aço sem certificação ou concreto com resistência inferior à prevista.
Como evitar: exigir laudos de qualidade dos fornecedores, acompanhar o recebimento de materiais e, quando necessário, realizar ensaios laboratoriais para verificar se atendem às normas.
9. Ausência de Fiscalização e Acompanhamento Técnico
Um dos piores venenos é acreditar que o projeto por si só garante a qualidade. Sem acompanhamento técnico durante a execução, erros podem passar despercebidos, como armaduras mal posicionadas, concretagem inadequada ou cura deficiente.
Como evitar: contratar engenheiro para visitas de fiscalização, registrar inspeções e corrigir não conformidades imediatamente.
10. Desconsiderar a Manutenção Pós-Obra
Mesmo depois de finalizada, a estrutura precisa de inspeções periódicas para verificar fissuras, corrosão das armaduras e recalques. Ignorar a manutenção faz com que pequenos problemas evoluam para grandes patologias ao longo dos anos.
Como evitar: seguir um plano de manutenção preventiva e, em caso de anomalias, solicitar uma inspeção técnica para definir a solução adequada.