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Reforço estrutural preço, fatores de custo e como orçar com segurança no Brasil

1) Quando o reforço estrutural é necessário

  • Aumento de carga de uso (mudança de ocupação, novas máquinas, sobrecarga de arquivos, racks)
  • Patologias e degradação (corrosão, carbonatação, cloretos, fissuração generalizada)
  • Erros de projeto ou execução
  • Adequação a normas mais recentes
  • Danos por impacto, incêndio, infiltração, recalques diferenciais

2) O que compõe o preço do reforço estrutural

  • Projeto e diagnóstico
    • ensaios, inspeções, sondagens, extração de testemunhos
    • modelagem e dimensionamento do reforço
  • Preparação de superfície e reparos prévios
    • remoção de concreto deteriorado, passivação da armadura, recomposição
  • Materiais de reforço e insumos
    • fibras, chapas, perfis, grautes, resinas, argamassas, conectores
  • Mão de obra especializada e gerenciamento
  • Equipamentos e acesso
    • andaimes, balancins, plataformas elevatórias, escoramentos e travamentos
  • Controle tecnológico e inspeção
    • pull-off, ultrassom, pacometria, testes de aderência, protensão
  • Segurança, proteção e logística
    • contenção de pó, proteção de usuários, segregação de áreas, descarte
  • Indiretos e BDI
    • mobilização, canteiro, ART, seguros, impostos, garantia

Como referência geral, a composição típica pode ficar assim:

– Materiais: 30 a 50 por cento

  • Mão de obra: 20 a 40 por cento
  • Equipamentos e acesso: 5 a 15 por cento
  • Controle, segurança e gestão: 5 a 15 por cento
  • BDI e impostos: 10 a 25 por cento

3) Faixas de preço por técnica de reforço

  1. Compósitos com fibras (CFRP, GFRP)
  • Aplicações: aumento de capacidade à flexão, cisalhamento, confinamento de pilares, reforço de lajes e vigas.

– Faixa típica total instalada:

– CFRP tecido ou lâminas: aproximadamente R$ 700 a R$ 2.500 por m² de fibra aplicada

  • Pontos de ancoragem, cantos arredondados, múltiplas camadas e preparação complexa elevam o custo.
  • Vantagens: leve, rápido, pouca interferência, excelente em reabilitação.
  • Observações: controle de aderência e umidade é crítico; eventual proteção ao fogo e vandalismo pode ser necessária.
  • Chapas ou perfis de aço adicionados (aparafusados, colados, soldados)
  • Aplicações: flexão e cisalhamento em vigas, reforço local em aberturas, enrijecimento.

– Faixa típica total instalada:

– Por massa de aço instalado: R$ 60 a R$ 160 por kg (fornecimento, corte, furação, fixação, proteção anticorrosiva)

  • Para pequenos reforços locais, pode ser prático orçar por peça com base no projeto.
  • Vantagens: alta resistência, ductilidade, boa disponibilidade.
  • Observações: exige cuidado com corrosão, proteção e compatibilidade com concreto existente.
  • Encamisamento e aumento de seção com concreto ou argamassa (jaquetas)
  • Aplicações: aumento de capacidade de pilares e vigas, recuperação de seções degradadas.

– Faixa típica total instalada:

– Jaqueta de concreto armado moldado in loco: R$ 1.500 a R$ 4.000 por metro linear de pilar, dependendo da seção, armaduras e fôrmas

  • Jaqueta delgada com argamassa de alto desempenho e conectores: R$ 900 a R$ 2.200 por m² de superfície jaquetada
  • Vantagens: robustez, bom comportamento ao fogo.
  • Observações: pode demandar escoramento, interferir no gabarito e em acabamentos.
  • Concreto projetado (shotcrete) para reforço e recuperação
  • Aplicações: recuperação de cobrimentos, aumento de seção delgada, túneis, taludes estruturais.

– Faixa típica total instalada:

– Camadas de 3 a 7 cm: R$ 600 a R$ 1.400 por m², a depender de consumo, armação e logística

  • Observações: controle de rebote, cura e aderência, além de contenção de poeira.
  • Protensão externa com cabos ou barras
  • Aplicações: recuperação de flechas, aumento de capacidade à flexão em vigas e lajes, reforço em pontes.

– Faixa típica total instalada:

– Por metro de cabo protendido incluindo ancoragens, desvio, mão de obra e equipamento: R$ 250 a R$ 900 por metro linear

  • Observações: projeto e execução exigem equipe especializada e equipamentos de protensão.
  • Injeção de fissuras e colmatação estrutural
  • Aplicações: recomposição de monoliticidade, estanqueidade, restauração de rigidez.

– Faixas típicas:

– Injeção com resina epóxi em fissuras finas: R$ 60 a R$ 180 por metro de fissura tratada

  • Injeção com calda cimentícia em vazios maiores: R$ 400 a R$ 1.200 por m³ de calda injetada
  • Observações: diagnóstico da causa da fissura é indispensável; pode ser apenas parte de um reforço maior.
  • Reforço de fundações

– Microestacas e estacas raiz:

– Estaca raiz: R$ 1.000 a R$ 3.000 por metro linear (diâmetros usuais), variando por solo, diâmetro, aço, acesso

  • Microestaca: R$ 1.500 a R$ 4.500 por metro linear

– Ampliação de blocos e vigas de fundação:

– R$ 2.000 a R$ 6.000 por m³ de concreto estruturado, incluindo escavações manuais, escoramentos, aço, fôrmas

  • Observações: interferências, lençol freático, recalques e contenções impactam muito o custo.
  • Aço adicional com grauteamento e conectores (shear connectors)
  • Aplicações: melhora de transferência de esforços e cisalhamento.

– Faixas típicas:

– Conector químico mecânico instalado: R$ 15 a R$ 45 por unidade

  • Graute de altas resistências aplicado: R$ 1.200 a R$ 2.800 por m³
  • Observações: detalhamento, limpeza de furos e controle de torque são cruciais.

Essas faixas tendem a subir quando:

– o acesso é difícil (subsolos ativos, altura, áreas hospitalares ou shopping em operação)

  • há necessidade de trabalhar em janelas noturnas
  • há grande dispersão de pequenos pontos (baixa produtividade)
  • o controle tecnológico e as garantias exigidas são elevados

4) Custos frequentemente esquecidos

  • Ensaios antes e depois (pacometria, esclerometria, extração de testemunhos, pull-off)
  • Escoramento temporário e recalibragem de prumos e flechas
  • Proteção passiva contra fogo de FRP e aço exposto
  • Remoção de interferências e reposição de acabamentos
  • Gestão de tráfego interno, sinalização e segregação
  • Limpeza, descarte de resíduos e logística vertical
  • ART, seguros e eventuais taxas condominiais por obra

5) Como reduzir o custo sem comprometer desempenho

  • Investir no diagnóstico: muitas vezes uma solução local bem dimensionada substitui reforços extensos.
  • Escolher a técnica pelo gargalo estrutural real: por exemplo, se a limitação é cisalhamento local, FRP a 45 graus pode sair mais competitivo do que encamisar tudo.
  • Planejar acesso e preparo: preparar lotes maiores para ganhar produtividade.
  • Prototipar e padronizar detalhes: repetições reduzem o custo unitário.
  • Considerar durabilidade: uma solução ligeiramente mais cara com baixa manutenção pode ser mais barata no ciclo de vida.
  • Programar a obra em janelas operacionais que maximizem a produção diária.

6) Checklist para pedir e comparar orçamentos

– Entregar para cotação:

– laudos e plantas com dimensões e armaduras existentes

  • memorial descritivo do reforço ou, se não existir, objetivo de desempenho
  • fotos das áreas e condições de acesso
  • exigências de controle tecnológico e garantias

– Exigir que a proposta explicite:

– escopo incluso e excluído

  • consumos e marcas dos materiais
  • sequência executiva, necessidade de escoramento e prazos
  • plano de segurança e proteção
  • itens de mobilização, BDI e impostos
  • Comparar por custo total e por unidade produtiva (por m² de FRP, por kg de aço, por metro de estaca), considerando as condições e a produtividade prometidas.

7) Modelo paramétrico simples de orçamento

Estruture o custo total assim:

Custo Total = Mobilização + Projeto e Ensaios + Preparação e Reparos + Materiais + Mão de Obra + Equipamentos e Acesso + Controle e Segurança + BDI e Impostos

Como chute inicial para estudos de viabilidade:

– Mobilização: 2 a 6 por cento do total

  • Projeto e ensaios: 5 a 12 por cento do total (em obras pequenas pode ser maior)
  • BDI e impostos: 15 a 30 por cento do direto

Exemplo ilustrativo

Reforço com CFRP em 120 m² de faixas em vigas e lajes, com duas camadas médias, acesso por balancim, controle pull-off básico.

  • Materiais CFRP e resinas: 120 m² × R$ 650 = R$ 78.000
  • Preparação, arredondamento de cantos, regularização: 120 m² × R$ 180 = R$ 21.600
  • Mão de obra aplicada: 120 m² × R$ 300 = R$ 36.000
  • Acesso e equipamentos: R$ 18.000
  • Controle tecnológico e ART: R$ 12.000
  • Mobilização: 4 por cento dos diretos anteriores (aprox. R$ 6.600)
  • Subtotal direto: cerca de R$ 172.000
  • BDI e impostos (20 por cento): R$ 34.400

8) Normas e boas práticas que influenciam escopo e custo

  • Estruturas de concreto: ABNT NBR 6118 (projeto) e ABNT NBR 14931 (execução); recomendações internacionais como ACI 562 para avaliação e intervenção em estruturas existentes.
  • Compósitos FRP: referências amplamente usadas no Brasil incluem ACI 440.2R para projeto e instalação.
  • Aço estrutural: ABNT NBR 8800.
  • Controle tecnológico e inspeções: procedimentos alinhados a guias de durabilidade, ensaios de aderência e extração de testemunhos conforme normas aplicáveis

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