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Engenheiro Civil Perito Judicial o que faz, quando contratar e como funciona a perícia na construção civil

Engenheiro civil perito judicial: o que faz, quando contratar e como pode ajudar seu caso

A perícia de engenharia é decisiva quando há dúvidas, conflitos ou danos em imóveis e obras. O engenheiro civil perito judicial atua como o “olho técnico” do processo, oferecendo um laudo pericial claro, objetivo e embasado em normas. Para quem é proprietário, síndico, gestor de obras ou advogado, entender esse papel economiza tempo, reduz custos e traz segurança jurídica e técnica.

Aviso: este conteúdo é informativo e não substitui orientação jurídica ou técnica específica. Em casos concretos, procure profissionais qualificados.

O que é um engenheiro civil perito judicial?

O engenheiro civil perito judicial é o profissional nomeado pelo juiz para esclarecer questões técnicas em um processo. Seu compromisso é com a verdade técnica e a imparcialidade. Ele analisa o caso, realiza vistoria, aplica métodos de engenharia diagnóstica e entrega um laudo pericial que ajuda o magistrado a decidir.

Perito do juízo x assistente técnico: qual a diferença?

  • Perito do juízo: é o profissional imparcial nomeado pelo juiz. Conduz a perícia, define a metodologia e elabora o laudo pericial.
  • Assistente técnico: é contratado por uma das partes (autor ou réu). Acompanha a perícia, apresenta quesitos, manifestações e parecer técnico, defendendo a tese do seu cliente com base em fatos e normas.

Ambos são fundamentais: a perícia bem feita e a participação ativa dos assistentes técnicos elevam a qualidade das provas.

Quando contratar um perito ou assistente técnico?

  • Antes do processo (fase extrajudicial): para prevenir litígios, documentar vícios construtivos, embasar negociações, receber obras e reformas com segurança (inspeções e laudos técnicos).
  • Durante o processo: quando o juiz determina a perícia. A parte pode nomear um assistente técnico para apresentar quesitos, acompanhar a vistoria e comentar o laudo do perito.
  • Em condomínios: para laudos de infiltrações, trincas, ruídos e vibrações, responsabilidade por danos entre unidades, laudos de reforma conforme NBR 16280, inspeção predial (NBR 16747).
  • Em compras e vendas: para laudo de estado de conservação, identificação de vícios aparentes e ocultos e análise de desempenho (NBR 15575).

Principais situações em que a perícia de engenharia ajuda

  • Infiltrações e umidade em apartamentos, fachadas e garagens
  • Fissuras, trincas e recalques em pisos, paredes e estruturas
  • Vícios construtivos e não conformidades com projeto ou normas
  • Ruídos, vibrações e interferências de obras vizinhas
  • Patologias em concreto, alvenaria, impermeabilização e coberturas
  • Avaliação de danos e quantificação de reparos (orçamentação técnica)
  • Recebimento de obras, reformas e mudanças de uso
  • Inspeção predial para segurança, manutenção e planejamento de obras

Etapas da perícia de engenharia civil (passo a passo simples)

  1. Análise inicial e quesitos
  • Leitura do processo e dos quesitos (perguntas técnicas) do juiz e das partes.
  • Definição do escopo: quais ambientes vistoriar, quais documentos pedir, quais métodos usar.
  • Planejamento e coleta de documentos
  • Projetos, memoriais, notas fiscais, ARTs/RRTs, relatórios de manutenção, fotos e vídeos.
  • Histórico de intervenções, datas, comunicados e reclamações.
  • Vistoria técnica
  • Inspeção visual minuciosa com registro fotográfico.
  • Mapas de danos (fissuras, infiltrações, deformações) e medições simples (trenas, níveis, umidade superficial).
  • Ensaios e medições complementares (quando necessários)
  • Esclerometria (indicativa de resistência do concreto), pacometria (armaduras), termografia (umidade e isolamento), medição de umidade, ensaios de estanqueidade, coleta de amostras, dronagem para fachadas, monitoramento de vibrações.
  • Análise técnica e diagnóstico
  • Identificação de causas prováveis (origem do problema), correlação com normas, verificação de projetos e execução.
  • Quando cabível, modelagem e checagem de segurança/serviço (por exemplo, avaliação de flechas, cargas conforme ABNT NBR 6120 e ação do vento NBR 6123, verificação de elementos segundo NBR 6118 para concreto).
  • Conclusões e recomendações
  • Respostas objetivas aos quesitos.
  • Indicação de responsabilidades técnicas (quando for possível e pertinente).
  • Recomendações de correção, prazos e prioridades.
  • Estimativa técnica de custos (quando solicitada e viável).
  • Laudo pericial e eventuais esclarecimentos
  • Documento claro, com fotos, plantas de danos, anexos e ART.
  • Eventuais complementações em audiência ou por escrito (esclarecimentos).

Quais normas e referências costumam orientar a perícia?

A perícia se apoia em normas técnicas, boas práticas e, no processo, no Código de Processo Civil. Entre as normas mais citadas em laudos de engenharia na construção civil, destacam-se:

  • ABNT NBR 13752 – Perícias de engenharia na construção civil
  • ABNT NBR 16747 – Inspeção predial – Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento
  • ABNT NBR 15575 – Desempenho de edificações habitacionais
  • ABNT NBR 16280 – Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas
  • ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
  • ABNT NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações
  • ABNT NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações
  • Outras normas específicas conforme o caso (impermeabilização, revestimentos, acessibilidade, instalações etc.)

Obs.: o perito deve justificar a escolha dos referenciais e a adequação deles ao caso concreto.

Quanto custa e quanto tempo leva?

Não existe tabela única, pois variam:

  • Complexidade do caso e quantidade de ambientes/unidades
  • Necessidade de ensaios e equipamentos especializados
  • Distância/deslocamentos e prazos processuais
  • Volume de documentação a analisar e número de quesitos

Como escolher um engenheiro civil perito judicial ou assistente técnico

  • Habilitação e ART: registro ativo no CREA e emissão de ART no serviço.
  • Experiência comprovada: portfólio de laudos, tipos de casos atendidos, referências.
  • Metodologia: clareza sobre etapas, técnicas de inspeção e critérios normativos.
  • Comunicação: laudos objetivos, linguagem acessível e respostas diretas aos quesitos.
  • Equipamentos e equipe: capacidade para ensaios in situ e suporte multidisciplinar quando necessário.
  • Ética e imparcialidade: especialmente se atuar como perito do juízo ou em ambientes de alta controvérsia.
  • Documentos modelos: peça amostras (com dados sensíveis omitidos) para avaliar qualidade.

Benefícios práticos para cada perfil

  • Proprietários e compradores: evitam “comprar um problema”, negociam com base técnica e planejam correções com clareza de custos.
  • Síndicos e administradoras: aumentam a segurança, documentam responsabilidade e priorizam manutenções com critério.
  • Construtoras e incorporadoras: previnem litígios, corrigem desvios com transparência e demonstram conformidade com normas.
  • Advogados: ganham provas técnicas robustas, quesitos bem respondidos, laudos didáticos e sustentação técnica em audiências.

Erros comuns que encarecem ou atrasam a perícia (e como evitar)

  • Escopo confuso e quesitos vagos: defina o problema e as perguntas que precisam de resposta técnica.
  • Falta de documentos: organize projetos, fotos, notas fiscais e registros de manutenção.
  • Interferência na vistoria: garanta acesso aos ambientes e comunique moradores com antecedência.
  • Apostar só na “opinião”: perícia depende de método e evidências; quando necessário, aceite a realização de ensaios.

Perguntas frequentes

Perícia e laudo técnico são a mesma coisa?

Perícia é o processo técnico (análise, vistoria, ensaios) dentro ou fora de um processo judicial. O laudo técnico ou laudo pericial é o documento final que registra métodos, achados, conclusões e recomendações.

Preciso de ART no laudo?

Sim. A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) formaliza quem responde tecnicamente pelo trabalho e deve acompanhar o laudo.

Posso contratar um engenheiro antes de entrar com ação?

Sim, e muitas vezes é o melhor caminho. Um laudo técnico robusto ajuda a negociar e, se o litígio ocorrer, já serve como prova inicial.

Quem define o perito no processo?

O juiz. As partes podem indicar assistentes técnicos e apresentar quesitos. O contraditório é garantido.

O perito aponta culpados?

Depende. Em alguns casos é possível indicar a origem técnica e a responsabilidade; em outros, o perito delimita causas e nexo, e o juízo pondera responsabilidades com base nas demais provas.

Como é um laudo pericial de qualidade

  • Escopo claro e aderente aos quesitos
  • Metodologia transparente e replicável
  • Fatos documentados com fotos, croquis e medições
  • Referências normativas e técnicas citadas
  • Conclusões objetivas e coerentes com as evidências
  • Recomendações viáveis e mensuráveis
  • ART anexada e anexos organizados

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