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Trinca em fundação o que fazer agora (prioridades, diagnóstico e soluções)

1) Triagem imediata (0–48h): segurança e registros

– Segurança e uso:

️ Isolar áreas com risco aparente: piso afundando/estufando, “degrau” entre ambientes, trincas passantes com abertura crescente.

  • Se houver pilar, viga ou laje fissurando junto, considere escoramento preventivo e reduza cargas (retire móveis pesados, estoque, reservatórios cheios).

– Checagens rápidas:

– Meça a abertura: fino (<0,3 mm), médio (0,3–3 mm), largo (>3 mm). Use régua de fissura se tiver; se não, use uma moeda como escala para a foto.

  • Observe se há “desnível/degrau” entre lados da trinca (deslocamento).
  • Verifique água: vazamentos de hidráulica/esgoto, lençol alto, drenagem ruim, água de chuva empoçando junto à fundação.
  • Note quando começou, se piora com chuva, se aumentou rapidamente (dias/semanas).

– Registro e monitoramento inicial:

– Coloque marcadores de gesso ou réguas de monitoramento na trinca e fotografe semanalmente.

  • Faça um nivelamento simples com mangueira de nível para detectar recalques diferenciais entre pontos dos cômodos.

2) Identifique o tipo de elemento e padrões da trinca

– Radier (laje de fundação):

– Fissuras aleatórias finas, sem degrau, muitas vezes são de retração/temperatura (comuns). Monitorar e tratar superficialmente pode bastar.

  • Trincas passantes com abertura maior, alinhadas e com degrau sugerem recalque diferencial do solo ou apoio irregular.

– Viga baldrame / sapata corrida:

– Trincas inclinadas em 45° próximas a cantos/aparelhos de parede indicam recalque em trechos específicos.

  • Trinca vertical central pode ser retração, mas verifique se há desnível.

– Sapata isolada / bloco sobre estacas:

– Fissuras no bloco (especialmente no topo ou nos cantos) podem indicar esforço anômalo, erro de detalhamento, ou problema na estaca (capacidade/ruptura de concreto).

– Paredes e pisos (efeito da fundação):

– Trincas em escada na alvenaria, portas/janelas desnivelando, pisos com degrau são clássicos de recalque diferencial.

3) Causas prováveis

  • Recalque diferencial por solo fofo/compactação insuficiente do aterro.
    • Piora após ocupação/carga; trincas inclinadas; desnível perceptível.

– Água e drenagem:

– Vazamentos de água/esgoto, calhas/condutores despejando junto à fundação, lençol freático alto/variável. Em geral piora em períodos chuvosos.

  • Árvores próximas e sucção radicular (argilas): movimentação sazonal, trincas que “abrem/fecham” ao longo do ano.
  • Erros construtivos: armadura insuficiente, cobrimento baixo, concretagem sem cura, apoio mal executado.
  • Reações e durabilidade: corrosão de armaduras (carbonatação/cloretos), reação álcali-agregado, ataque por sulfatos (ambientes agressivos).
  • Sobrecargas não previstas: mudanças de uso, paredes novas, caixas d’água adicionais, máquinas.

4) Diagnóstico técnico recomendado

Idealmente, conduza com um engenheiro estrutural/geotécnico. O roteiro típico:

– Levantamento de informações:

  • Projeto estrutural/geotécnico (se existir), sondagens originais, cargas, reformas, histórico de vazamentos, intervenções recentes.

– Inspeção e mapeamento:

– Croqui com todas as trincas, aberturas, sentidos, datas. Nivelamento geométrico dos pontos-chaves para medir recalques.

– Abertura de janelas exploratórias:

– Poços para ver fundação, base de sapata/bloco, subleito do radier, estado do concreto e do solo de apoio.

– Ensaios e verificações possíveis:

– Sondagem SPT complementar (2–3 furos estratégicos).

  • Provas de integridade (PIT) e/ou prova de carga dinâmica se houver estacas e suspeita nelas.
  • Pacometria/cobrimetria, carbonatação, extração de testemunhos onde há dúvida de resistência/durabilidade.
  • Teste de estanqueidade em redes hidráulicas/esgoto; inspeção de drenagem periférica.

5) Soluções típicas

– Eliminar a causa e estabilizar o meio:

– Drenagem: calhas e condutores direcionando água para longe, dreno francês no perímetro, ralos funcionais, impermeabilização adequada.

  • Reparar vazamentos e rebaixar umidade junto à fundação.
  • Gestão de árvores: barreiras radiculares, poda controlada ou remoção planejada (respeitando normas/autorizações).
  • Alívio/redistribuição de cargas: retirar sobrecargas, revisar paredes/aparelhos adicionados.

– Reforço/regularização da fundação:

– Underpinning (recalçamento): microestacas/estacas raiz com blocos de transferência e macacos para retomar/estabilizar cotas.

  • Complemento de sapatas ou vigas de travamento para redistribuir esforços entre apoios.
  • Injeção de calda (solo-cimento/resina) para melhorar apoio sob radier/trechos de baldrame quando aplicável.
  • Em radiers com fissuras localizadas: costura com barras chumbadas e epóxi, ponte de aderência, e eventualmente uma sobrelaje estrutural para redistribuir tensões.

– Tratamento das trincas (após estabilizar a causa):

– Selagem superficial para fissuras finas e não estruturais (retração).

  • Injeção de epóxi em trincas estruturais passantes, seguida de recomposição do cobrimento e proteção.
  • Em alvenaria: reaterro técnico, cintamento, maciços de reforço sob paredes e reexecução do acabamento.

6) Sinais de urgência (quando parar e chamar engenheiro imediatamente)

  • Abertura >3 mm com crescimento perceptível em dias/semanas.
  • Degraus/ressaltos entre lados da trinca ou pisos afundando.
  • Fissuras em elementos estruturais (pilares, vigas, lajes) próximas à área da fundação.
  • Portas/janelas que emperram repentinamente, rachaduras em múltiplos ambientes em pouco tempo.
  • Ruídos de estalo, desprendimentos, armaduras expostas/corrosão ativa.

7) Custos e prazos

  • Sondagem SPT: por furo, depende da profundidade — muitas vezes na casa de alguns milhares de reais por ponto.
  • Prova de integridade/provas dinâmicas de estacas: alguns milhares por estaca/ensaio.
  • Underpinning com microestacas/estacas raiz: costuma ser o item mais relevante; valores por metro variam bastante conforme diâmetro, solo e acesso.
  • Injeções de calda/resina: custo por metro linear/quadrado, aplicável para regularização sob radiers/localmente.
  • Escoramento e reforços locais: variam com porte e acesso.
  • Laudo técnico/ART: honorários variam conforme escopo, responsabilidade e tempo de monitoramento.

8) O que evitar

  • Apenas “passar massa” e pintar.
  • Demolir paredes ou abrir rasgos estruturais sem análise.
  • Sobrecarregar ambientes fissurados (móveis pesados, estoques).

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