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Laudo de Vistoria de Imóvel Guia Profissional Completo, com Modelo Editável e Checklist

1) Introdução ao Laudo de Vistoria de Imóvel

O que é

O Laudo de Vistoria de Imóvel é um documento técnico, objetivo e fundamentado, que registra o estado de conservação e funcionamento de um imóvel (ou parte dele) em uma data específica. Inclui descrição de condições observadas, registro fotográfico, identificação de anomalias e não conformidades, e recomendações.

Por que é importante

  • Reduz disputas entre locador/locatário e comprador/vendedor
  • Baseia decisões de manutenção, reformas e orçamentos
  • Aumenta a segurança jurídica em entregas, recebimentos e garantias
  • Gera histórico técnico para gestão de ativos e compliance

Principais objetivos

  • Estabelecer um “marco de referência” do estado do imóvel
  • Evidenciar danos preexistentes e manifestações patológicas
  • Orientar correções, prazos e prioridades
  • Documentar de forma clara, auditável e comparável

Quando utilizar

  • Locação (entrada e saída)
  • Compra e venda (due diligence técnica)
  • Entrega de obra/unidade (pós‑obra, garantia)
  • Vistoria de vizinhança (pré‑obra)
  • Renovação de seguros e fiscalização
  • Investigações após sinistros, infiltrações, fissurações, recalques

2) Estrutura e Conteúdo do Laudo

Uma boa estrutura garante clareza, rastreabilidade e valor probatório. Recomenda‑se incluir:

1) Identificação e escopo

  • Identificação do imóvel (endereço, unidade, matrícula quando aplicável)
  • Finalidade do laudo (ex.: recebimento de locação; diagnóstico de infiltrações)
  • Proprietário/solicitante e ocupante
  • Profissional responsável, CREA/CAU, ART/RRT
  • Data, hora e condições da vistoria (clima, ocupação)
  • Acesso e áreas vistoriadas (e áreas não vistoriadas)
  • Metodologia e limitações
  • Procedimentos adotados (inspeção visual, medições, ensaios não destrutivos, entrevistas)
  • Instrumentação utilizada (trena, nível a laser, higrômetro, termografia, pacômetro, esclerômetro, câmera endoscópica, etc.)
  • Restrições: itens obstruídos por móveis, locais sem acesso, ausência de documentação, impossibilidade de testes sob carga, etc.
  • Documentos analisados (se houver)
  • Plantas, memoriais, manuais, ARTs/RRTs, relatórios anteriores
  • Descrição das condições por ambiente/sistema
  • Estrutura (lajes, vigas, pilares), vedações (paredes), coberturas, fachadas
  • Acabamentos (pintura, revestimentos, pisos, forros, esquadrias)
  • Instalações hidráulicas e sanitárias (abastecimento, esgoto, águas pluviais, aquecimento)
  • Instalações elétricas (quadro, circuitos, DR/DP, aterramento, tomadas)
  • Gás, ventilação, climatização (quando aplicável)
  • Áreas comuns (condomínios): circulação, escadas, guarda‑corpo, bombas, casa de máquinas, SPDA, combate a incêndio
  • Acessibilidade (pontos críticos, NBR 9050 como referência)
  • Registro de danos/defeitos
  • Descrição objetiva, localização precisa (ambiente, parede, eixo, cota)
  • Dimensões (largura, extensão, profundidade quando aplicável)
  • Fotos com setas, escala e legenda padronizada
  • Classificação sugerida de severidade e prioridade de intervenção
  • Análise técnica e hipóteses de causas
  • Contextualizar mecanismos prováveis (ex.: retração, movimentação higrotérmica, recalque, falha de impermeabilização, corrosão de armaduras, falhas de instalação)
  • Citar referências técnicas quando pertinente (ex.: ABNT NBR 6118, ABNT NBR 5410, ABNT NBR 5626, ABNT NBR 9575, ABNT NBR 16747; usar como referência geral)
  • Recomendações
  • Soluções sugeridas: reparo, reforço, investigação complementar, monitoramento
  • Priorização (ex.: P1 urgente/risco, P2 programável, P3 estética/manutenção)
  • Prazo indicativo e necessidade de projetos/ensaios adicionais
  • Condições de segurança (interditar área? sinalizar? reduzir carga?)
  • Conclusão
  • Síntese do estado geral
  • Riscos mais relevantes e próximos passos
  • Anexos
  • Memorial fotográfico
  • Croquis/plantas marcadas
  • Tabelas de medições (umidade, fissuras, nivelamento)
  • Checklists assinados

Boas práticas de redação:

– Linguagem objetiva, sem adjetivações vagas

  • Dados mensuráveis (mm, %, m², kΩ), referências de localização
  • Separar fato (observação) de opinião técnica (análise/hipótese)
  • Padronizar fotos (iluminação, escala, orientação, legenda)

3) Modelo Editável de Laudo de Vistoria (copiar e colar)

Use o modelo abaixo como base. Adapte o escopo ao seu tipo de vistoria.

LAUDO DE VISTORIA DE IMÓVEL
 
1. IDENTIFICAÇÃO
Imóvel: ___________________________________________
Endereço: _________________________________________
Unidade/Bloco (se houver): __________________________
Proprietário/Solicitante: ____________________________
Ocupante (se houver): _______________________________
Finalidade do Laudo: ________________________________
Data e hora da vistoria: _____________________________
Condições climáticas: _______________________________
Profissional responsável: ____________________________
Registro (CREA/CAU): _______________________________
ART/RRT nº: _______________________________________
Equipe de apoio (se houver): ________________________
 
2. ESCOPO, METODOLOGIA E LIMITAÇÕES
Escopo: ___________________________________________
Metodologia: inspeção visual, entrevistas, medições (________________),
ensaios não destrutivos (________________), registro fotográfico.
Instrumentos: ______________________________________
Limitações: ________________________________________
Áreas vistoriadas: __________________________________
Áreas não vistoriadas/obstruídas: ____________________
 
3. DOCUMENTOS ANALISADOS
( ) Plantas
( ) Memorial descritivo
( ) Manual do proprietário
( ) ARTs/RRTs anteriores
( ) Outros: ________________________________________
 
4. CONDIÇÕES OBSERVADAS (POR AMBIENTE/SISTEMA)
Ambiente/Sistema: _________________________________
Descrição objetiva do estado:
- Estrutura/Vedações: ______________________________
- Acabamentos (pintura, revestimentos, pisos, forros, esquadrias): ______
- Instalações hidráulicas/sanitárias: _________________
- Instalações elétricas (quadro, circuitos, DR, aterramento): ___________
- Gás/Climatização/Ventilação (se aplicável): __________
- Outras observações: _______________________________
Registro fotográfico: ver Anexo A (fotos nº ___ a ___)
 
5. REGISTRO DE MANIFESTAÇÕES (DANOS/DEFEITOS)
ID: _______
Localização precisa (ambiente/parede/eixo/cota): ____________________
Descrição: ________________________________________
Dimensões (mm): largura _______ extensão _______ profundidade _______
Condição associada (umidade? corrosão? destacamento?): _____________
Foto(s) nº: _______
Classificação (ex.: severidade, prioridade): _________________________
Hipótese(s) de causa: _____________________________________________
 
(Replicar a seção acima para cada ocorrência)
 
6. ANÁLISE TÉCNICA
Síntese das manifestações e possíveis mecanismos:
__________________________________________________
Riscos potenciais (segurança, funcionalidade, durabilidade):
__________________________________________________
 
7. RECOMENDAÇÕES E PRIORIDADES
Medidas corretivas sugeridas:
- __________________________________________________
- __________________________________________________
Necessidade de investigação adicional (sim/não): _____
Prioridade: ( ) P1 urgente ( ) P2 programável ( ) P3 estética/manutenção
Prazo indicativo: __________________________________
Interdições/sinalizações necessárias: _________________
 
8. CONCLUSÃO
Resumo do estado geral:
__________________________________________________
Próximos passos recomendados:
__________________________________________________
 
9. ANEXOS
Anexo A – Memorial fotográfico (fotos legendadas com escala)
Anexo B – Croquis/plantas marcadas
Anexo C – Tabelas de medições (umidade, fissuras, nivelamento)
Anexo D – Checklists de vistoria assinados
 
Local e data: ______________________________________
 
Assinatura do profissional responsável:
Nome: ___________________________ CREA/CAU: ________

4) Checklist de Vistoria de Imóvel (prático e abrangente)

Use o checklist no campo para não perder nenhum item. Ao final, anexe ao laudo.

CHECKLIST DE VISTORIA – IMÓVEL
 
A. INFORMAÇÕES GERAIS
[ ] Permissão de acesso obtida
[ ] Imóvel desocupado? ( ) Sim ( ) Não – Anotar áreas inacessíveis
[ ] Energia ligada  [ ] Água ligada  [ ] Gás ligado
[ ] Documentos disponíveis (plantas, manual, garantias, notas)
 
B. ESTRUTURA E VEDAÇÕES
Paredes/vedações:
[ ] Prumo/planeza (verificar empenos)
[ ] Fissuras/trincas (medir abertura; observar orientação/causa aparente)
[ ] Umidade/bolor/eflorescência
[ ] Descolamento/oclusão de revestimentos
Lajes, vigas, pilares:
[ ] Fissuração (mapear; medir)
[ ] Sinais de sobrecarga/deflexão anômala
[ ] Corrosão aparente da armadura (ferrugem, manchas)
[ ] Exsudação/eflorescência em elementos de concreto
Fundação/solo (quando visíveis):
[ ] Recalques/diferenças de nível
[ ] Trincas inclinadas em vedações (indício de recalque)
 
C. COBERTURA E FACHADAS
Cobertura:
[ ] Telhas íntegras/alinhadas
[ ] Cumeeiras/rufizos/vedações
[ ] Calhas e condutores (limpeza, estanqueidade)
[ ] Infiltrações/umidade no forro
Fachadas:
[ ] Revestimentos (aderência, som cavo, fissuras)
[ ] Esquadrias/selagens (vedação perimetral)
[ ] Junta de dilatação/selante
 
D. ACABAMENTOS INTERNOS
[ ] Pintura (descascamento, manchas, diferença de tonalidade)
[ ] Revestimentos cerâmicos/pedras (assentamento, rejuntes, som cavo)
[ ] Pisos (nivelamento, ruído ao caminhar, dilatações)
[ ] Forros (deformações, manchas de umidade)
[ ] Esquadrias (folgas, empenos, ferragens, vedação)
[ ] Portas/fechaduras/dobradiças
 
E. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS
[ ] Pressão e vazão em torneiras/chuveiros
[ ] Funcionamento de registros (gerais e setoriais)
[ ] Ralos (escoamento, fecho hídrico, odores)
[ ] Vasos sanitários (fixação, refluxos)
[ ] Sifões e conexões (vazamentos)
[ ] Aquecimento (a gás/solar/elétrico) – funcionamento/segurança
[ ] Reservatórios (acesso, limpeza, extravasor)
[ ] Sinais de infiltração em shafts/eixos molhados
 
F. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
[ ] Quadro de distribuição (organização, rotulagem)
[ ] Disjuntores dimensionados e identificados
[ ] Dispositivo DR/IDR (existência e teste)
[ ] Tomadas (quantidade, funcionamento, fixação)
[ ] Aterramento (continuidade, barramento)
[ ] Padrões de acabamento (espelhos, conduletes, embutidos)
 
G. GÁS E SEGURANÇA
[ ] Tubulações e conexões (testar estanqueidade se possível)
[ ] Ventilação permanente em ambientes com gás
[ ] Abrigo de gás (identificação, ventilação, acesso)
[ ] Detector de gás (se aplicável)
 
H. ÁREAS COMUNS (CONDOMÍNIOS)
[ ] Circulações/escalas/guarda‑corpos (altura, firmeza)
[ ] Acessibilidade (rampas, corrimãos – referência NBR 9050)
[ ] SPDA (para‑raios) – estado aparente, documentação (NBR 5419)
[ ] Combate a incêndio (extintores, hidrantes, sinalização)
[ ] Casa de máquinas/bombas (vibração, ruído, vazamentos)
[ ] Cobertura/coleta de águas pluviais (manutenção)
 
I. DOCUMENTAÇÃO E GARANTIAS
[ ] Notas fiscais e garantias de equipamentos/revestimentos
[ ] Manuais de uso, operação e manutenção
[ ] ARTs/RRTs de intervenções anteriores
 
J. REGISTRO FOTOGRÁFICO
[ ] Fotos com escala e setas indicativas
[ ] Padrão de nomenclatura (Ex.: “Sala_ParedeNorte_Fissura_02.jpg”)
[ ] Backup em nuvem/drive seguro
 
Observações gerais:
___________________________________________________________
 
Assinatura do vistoriador: __________________ Data: ___/___/____

5) Dicas Profissionais para Elaborar o Laudo

  1. Objetividade e precisão
  • Descreva o que foi visto, onde e quanto (medidas). Evite expressões vagas como “muito”, “pouco”.
  • Use mapas/croquis numerados para localizar cada ocorrência (ID).
  • Registro fotográfico e documentação
  • Fotos nítidas, com boa iluminação, escala e seta indicando a manifestação.
  • Nomeie arquivos de forma consistente e referencie no texto do laudo (Foto 12, Foto 13…).
  • Armazene os originais em repositório com backup.
  • Considerações legais e de responsabilidade
  • Emita ART/RRT quando a vistoria configurar serviço técnico.
  • Defina claramente o escopo e as limitações (itens não acessados, ensaios não executados).
  • Informe quando recomendações dependem de projetos/ensaios complementares.
  • Proteja dados e imagens conforme boas práticas de privacidade (autorizações quando necessário).
  • Apresentação clara e concisa
  • Estruture em seções curtas, com sumário executivo no início e conclusões objetivas no fim.
  • Destaque prioridades (P1, P2, P3) com uma legenda simples no início do relatório.
  • Se o público for leigo (locação/condomínio), adote linguagem acessível e um “glossário curto”.
  • Técnica: critérios, referências e limites
  • Quando falar de fissuras, indique abertura medida em mm. Como referência geral, a ABNT NBR 6118 estabelece limites de abertura de fissuras em serviço tipicamente entre 0,2 mm e 0,4 mm, variando com a classe de agressividade ambiental e o elemento estrutural. Use isso como baliza, sem confundir com trincas em vedações.
  • Para instalações: use como referências a ABNT NBR 5410 (elétrica, baixa tensão) e ABNT NBR 5626 (água fria/quente). Para impermeabilização, ABNT NBR 9575. Para inspeção predial, ABNT NBR 16747. Utilize as normas como guia e indique quando é necessário ensaio/projeto específico.
  • Recomendações acionáveis
  • Sempre indique “o quê”, “como” e “quando” em linhas gerais (ex.: “Reparar fissuras de retração com selante acrílico flexível após preparo e repintura; prazo P3 – estética”).
  • Para riscos estruturais ou infiltrações ativas: sinalize medidas emergenciais e peça avaliação/projeto específico.
  • Comparabilidade e histórico
  • Se houver vistoria anterior, faça quadro comparativo de ocorrências (nova, mantida, resolvida).
  • Replique a numeração dos IDs ao longo do tempo para rastreabilidade.

Exemplo prático (síntese de uma ocorrência):

– ID 07 – Parede sala, eixo A‑B, lado norte. Fissura vertical, 0,3 mm de abertura e 1,2 m de extensão, junto a junta entre alvenaria e pilar. Causa provável: movimentação diferencial/remoção de massa de calafetamento perimetral. Recomenda‑se: reabrir, limpar, aplicar selante flexível compatível e repintar. Prioridade P3.

6) Conclusão e Considerações Finais

O Laudo de Vistoria de Imóvel é um instrumento central para:

– Prevenir litígios e proteger as partes

  • Sustentar decisões de manutenção e investimento
  • Aumentar a segurança e a vida útil do ativo
  • Manter um histórico técnico confiável

Com uma estrutura clara, fotos padronizadas, medições objetivas e recomendações priorizadas, seu laudo passa a ser não apenas um “registro”, mas um guia prático de ação.

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