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Tipos de Impermeabilização de Laje como Escolher e Executar sem Dor de Cabeça

1) Classificação rápida para orientar a escolha

– Quanto ao comportamento:

– Rígidos: dependem de substrato sem movimentação relevante. Ex.: cristalizantes, cimentos modificados pouco deformáveis. Pouco indicados para lajes expostas.

  • Flexíveis: acompanham movimentação e fissuras de abertura limitada. Ex.: mantas asfálticas, TPO/PVC/EPDM, PU líquido, poliuréia, argamassas poliméricas flexíveis.

– Quanto à exposição:

– Expostos à intempérie: sistema fica aparente e precisa resistir a UV e variações térmicas.

  • Sob proteção mecânica (SPM): sistema fica “embutido” sob camada de proteção (argamassa, piso, jardim, laje técnica).

– Quanto à aderência:

– Aderidos: colados ao substrato (mais comuns).

  • Não aderidos/soltos: geomembranas soltas com lastro, usados em coberturas amplas e telhados verdes.

2) Principais tipos de impermeabilização para lajes

A) Manta asfáltica (APP/SBS) torch-on ou autoaderida

– Onde usar:

– Lajes sob proteção mecânica (contrapiso/piso), lajes técnicas, jardineiras (com barreira anti-raízes específica), coberturas com grande exposição térmica.

– Camadas típicas:

1) Regularização com caimento (≥ 1%, ideal 2%), acabamento desempenado.

  • Meia-cana nos encontros 5 x 5 cm.
  • Primer asfáltico.
  • Manta 3–4 mm, sobreposição 8–10 cm, subida em rodapé ≥ 30 cm.
  • Teste de estanqueidade 72 h.
  • Proteção mecânica (argamassa 2–3 cm) e/ou revestimento.

– Vantagens:

– Durável, dobra bem nos detalhes, custo competitivo, ampla mão de obra disponível.

– Pontos de atenção:

– Exposição UV exige proteção (filme mineral não é topcoat definitivo para tráfego).

  • Controle de chama (ou usar autoaderida).
  • Detalhes em ralos, rufos e juntas são críticos.

B) Membranas sintéticas TPO/PVC/EPDM (termo-soldadas)

– Onde usar:

– Lajes expostas de grandes áreas, coberturas leves, retrofit quando não se quer demolição do piso, telhados verdes (com camada anti-raiz e sistema de drenagem).

– Camadas:

– Camada separadora/geotêxtil; membrana 1,2–1,5 mm; fixação mecânica ou colagem; solda quente nas emendas; rodapés com perfis/metais.

– Vantagens:

– Excelente resistência a UV e variação térmica; manutenção e inspeção simples.

– Pontos de atenção:

– Exige equipe com solda a ar quente; compatibilidade química (principalmente com asfalto e EPS precisa separador).

  • Proteção adicional em áreas de tráfego.

C) Membranas líquidas de poliuretano (PU) alifático ou híbridos

– Onde usar:

– Lajes expostas com detalhamento complexo, pátios com tráfego leve, marquises, platibandas.

– Camadas:

– Primer; múltiplas demãos até DFT 1,5–2,0 mm; reforço com véu de poliéster em cantos/ralos; topcoat alifático UV se o sistema base não for alifático.

– Vantagens:

– Monolítico (sem emendas), excelente adaptabilidade a detalhes, bom alongamento.

– Pontos de atenção:

– Umidade do substrato (geralmente < 5%); sensível a bolhas por umidade ascendente; alguns PU aromáticos amarelam sem topcoat.

D) Poliuréia spray (pure ou híbrida)

– Onde usar:

– Lajes com tráfego mais intenso, obras que exigem produtividade alta, áreas industriais.

– Camadas:

– Primer apropriado; spray de 2–3 mm em uma ou duas aplicações; topcoat UV quando necessário.

– Vantagens:

– Cura muito rápida (minutos), alta resistência mecânica e química, ponte de fissuras.

– Pontos de atenção:

– Equipamento e aplicador especializados; custo maior; preparo do substrato muito rigoroso.

E) Argamassa cimentícia polimérica flexível (ACPF)

– Onde usar:

– Lajes sob proteção mecânica, áreas internas, sacadas que receberão piso, floreiras (com camada anti-raiz específica).

– Camadas:

– Duas a três demãos cruzadas com consumo para atingir ~2 mm; reforço com tela nos encontros; proteção mecânica e piso.

– Vantagens:

– Aplicação a frio, boa compatibilidade com substratos cimentícios, bom custo.

– Pontos de atenção:

– Não é para ficar exposta ao sol/chuva sem proteção; flexibilidade limitada se a fissuração for muito ativa.

F) Sistemas asfálticos a frio reforçados (emulsão + véu/tela)

– Onde usar:

– Lajes sob proteção mecânica, áreas de baixo tráfego, como alternativa quando torch-on não é viável.

– Vantagens:

– Sem chama, boa conformação.

– Pontos de atenção:

– Controle de espessura/consumo para desempenho; proteção mecânica obrigatória.

G) Soluções cristalizantes e aditivos integrais

– Onde usar:

– Complemento no concreto (redução de porosidade) ou pressão negativa em estruturas enterradas.

– Observação:

– Sozinhos, raramente são suficientes para lajes de cobertura com movimentação e exposição; encare o uso como reforço, não substituto de sistemas flexíveis.

H) Geomembranas e mantas de PEAD para coberturas especiais

– Onde usar:

– Coberturas de jardins extensivos/intensivos, lago ornamental sobre laje, reservatórios superficiais.

– Pontos de atenção:

– Necessitam camadas de proteção, drenagem, barreira anti-raiz e projeto específico de detecção de vazamentos.

3) Como escolher: matriz prática

– Laje exposta sem tráfego, com muitos detalhes:

– PU alifático ou TPO/PVC. Se buscar alta produtividade e robustez, poliuréia.

– Laje com tráfego de pedestres leve/moderado:

– Poliuréia + topcoat; PU alifático com sistema antideslizante; TPO com passarelas ou proteção.

– Laje sob piso/revestimento:

– Manta asfáltica 3–4 mm ou ACPF, sempre com proteção mecânica e teste de estanqueidade antes do piso.

– Telhado verde/jardim:

– TPO/PVC com anti-raiz, ou manta asfáltica com aditivo anti-raiz, mais sistema de drenagem e proteção.

– Retrofit sem quebrar piso:

– TPO exposta (sobre camada separadora) ou PU/poliuréia expostos, cuidando de rufos e arremates.

– Orçamento limitado e mão de obra ampla:

– Manta asfáltica torch-on sob proteção mecânica.

4) Detalhes construtivos críticos (onde mais ocorrem falhas)

  • Caimentos: mínimo 1%, ideal 2% para evitar poças. Regularização firme e sem “barrigas”.
  • Meia-cana: 5 x 5 cm em todos os encontros horizontal/vertical.

– Ralos e sumidouros:

– Preferir ralo com flange. Reforço com peça de manta adicional ou véu. Nunca reduzir seção de escoamento com o sistema.

– Rodapés e platibandas:

– Subida mínima 30 cm. Topo com pingadeira/rufo metálico ou arremate selado UV.

– Juntas (dilatação, construção):

– Tratar com bandas elastoméricas, perfis “waterstop” em concretagens novas e detalhes de engastamento compatíveis ao sistema selecionado.

– Passagens de tubulação e chumbadores:

– Mangotes/luvas e selantes flexíveis compatíveis. Reforço local do sistema.

– Encontros com esquadrias:

– Planejar a interface com peitoris, contramarcos e pingadeiras para não “levar” água para trás do sistema.

5) Execução passo a passo (fluxo geral)

1) Diagnóstico e projeto:

– Definir uso (exposta x SPM), tráfego, clima, presença de juntas, detalhes e compatibilidades.

2) Preparo do substrato:

– Limpeza, remoção de partes soltas, correção de fissuras abertas, regularização com caimento.

  • Umidade controlada conforme o sistema (ex.: PU costuma exigir < 5%).

3) Detalhamento prévio:

– Meias-canas, flange de ralos, perfis/rufo, tratamento de juntas.

4) Primer e aplicação:

– Conforme fabricante. Respeitar consumo e intervalos entre demãos/camadas.

5) Teste de estanqueidade:

– Barragem e lâmina d’água por no mínimo 72 h para sistemas sob proteção; investigar qualquer queda de nível.

6) Proteção mecânica e revestimento:

– Geotêxtil separador quando aplicável; argamassa de proteção; contrapiso e piso com juntas compatíveis.

7) Entrega e manutenção:

– Manual de uso e manutenção com inspeções periódicas, limpeza de ralos e reavaliação de arremates.

6) Especificações de referência (valores usuais)

  • Manta asfáltica: espessura 3–4 mm; sobreposição 8–10 cm; subida 30 cm; teste 72 h.
  • PU líquido: DFT 1,5–2,0 mm; topcoat alifático para UV se necessário.
  • Poliuréia: DFT 2–3 mm; topcoat UV quando aplicável.
  • Argamassa polimérica: DFT ~2,0 mm; proteção mecânica obrigatória.
  • Membranas TPO/PVC: 1,2–1,5 mm; solda por ar quente; detalhe com perfis.
  • Meia-cana: 5 x 5 cm; caimento ≥ 1%, preferencial 2%.

Obs.: Ajustar sempre aos dados do fabricante e ao projeto; os números acima são faixas usuais de mercado.

7) Vida útil, custos e manutenção (visão geral)

– Vida útil típica:

– Manta asfáltica sob proteção: 10–20 anos.

  • TPO/PVC expostos: 15–25 anos.
  • PU/poliuréia expostos: 10–20 anos (com topcoat e manutenção).
  • Argamassa polimérica sob proteção: 8–15 anos.

– Custos relativos (tendência):

– Mais baixo: argamassa polimérica sob proteção; manta asfáltica torch-on.

  • Médio: PU líquido.
  • Mais alto: TPO/PVC, poliuréia.

– Manutenção:

– Inspeção anual, limpeza de ralos, checagem de arremates e reaplicação de topcoat quando especificado pelo fabricante.

8) Erros comuns que geram infiltrações

  • Pular o teste de estanqueidade.
  • Falta de caimento e poças permanentes.
  • Sem meia-cana ou mal executada.
  • Ralos sem flange e sem reforço.
  • Subida insuficiente em rodapés e arremates deficientes.
  • Misturar sistemas incompatíveis sem camada separadora.
  • Aplicar PU em substrato muito úmido (bolhas/osmose).

9) Diagnóstico de falhas em laje já com infiltração

  • Inspeção visual e mapeamento de pontos críticos (ralos, juntas, platibandas).
  • Ensaio de estanqueidade setorizado.
  • Termografia para mapear umidade sob revestimentos.
  • Aberturas cirúrgicas em pontos suspeitos para confirmar caminho da água.

Planejamento de retrofit: às vezes vale manter o sistema e sobrepor outro compatível, outras vezes é preciso remover e refazer.

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